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“Não há tratamento para doses altas de radiação”

Especialistas explicam as consequências da contaminação nuclear o que pode ser feito para evitar o pior

Por Marco Túlio Pires
13 mar 2011, 20h29

A medida mais importante em situações como a do Japão, onde ainda não se confirmou um nível crítico de contaminação, é a distribuição de pastilhas de ‘iodo limpo’ para evitar o câncer na tireoide

Pessoas expostas à radiação, entre elas os especialistas e bombeiros que trabalham na zona de risco das usinas nucleares japonesas, correm graves riscos de saúde. Elas podem apresentar náuseas e vômitos nas 24 horas seguintes ao contato com a radiação e sintomas de doenças nas semanas ou meses posteriores, dependendo da dose recebida.

De acordo com Artur Malzyner, oncologista do hospital Albert Einstein, o sintoma mais comum de pessoas expostas a uma pequena dose de radiação é a náusea seguida de vômito. Se o nível for um pouco maior, a contaminação nuclear começa a afetar outros órgãos do corpo.

De acordo com o médico, nesses casos, a médula óssea é a parte do corpo humano mais vulnerável à radiação. Responsável pela formação de células sanguíneas, incluindo as células de defesa do corpo humano, o órgão pode ressecar em doses relativamente baixas. “É o primeiro órgão a ser enfraquecido pelo efeito radioativo”, disse. Isso quer dizer que o indivíduo pode ficar anêmico e o corpo perder completamente a capacidade de se defender de doenças.

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Doses mais altas podem afetar o aparelho digestivo, pulmão e provocar tumores malignos na tireoide. A radiação em níveis relativamente baixos também pode afetar a gestação e o aparelho reprodutivo, causando esterilidade em homens e mulheres. O último tecido humano a ser afetado é o nervoso. “Os problemas neurológicos são, normalmente, os últimos a se manifestarem após anos de exposição”, explicou Malzyner.

Se a dose for muito alta, contudo, “não há solução”, explicou o professor Patrick Gourmelon, diretor da seção de contaminação humana do Instituto francês de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN). Nesses casos, o organismo contaminado não consegue se recuperar.

Proteção – A população pode ser protegida com quatro medidas básicas: a retirada de pessoas do local contaminado, o isolamento daqueles que foram atingidos, a ingestão de iodo limpo e água corrente” explicou Gourmelon.

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Quando possível, as pessoas devem se instalar nos porões das casas, com as portas e janelas fechadas com fita adesiva sem ligar aparelhos de ar condicionado e de calefação. “Trata-se de evitar, com isso, que partículas radioativas penetrem nos pulmões e no tubo digestivo”, explicou o médico. No caso de contato radiativo com a pele, “será preciso uma boa ducha, mas sem esfregar, para que as partículas não penetrem nos poros”, acrescentou. Também deve-se evitar roer as unhas, fumar e levar as mãos à boca.

Iodo – A medida mais importante em situações como a do Japão, onde ainda não se confirmou um nível crítico de contaminação, é a distribuição de pastilhas de ‘iodo limpo’ para evitar o câncer na tireoide. O iodo deve ser consumido principalmente por jovens, crianças, bebês e mulheres grávidas ou lactantes. “O iodo adere na glândula tireoide, que fica, assim, saturada de iodo limpo, evitando que a radiação a contamine”, explicou o professor. O problema é que essa ação precisa ser feita a tempo de proporcionar proteção – de preferência, uma hora antes da emissão de partículas contaminadas. Também funciona se o iodo for aplicado “nas 24 horas seguintes mas, neste caso, só tem 25% da eficiência”.

Embora a exposição em massa à radiação possa ter sido evitada na central japonesa de Fukushima, vapores e elementos radioativos vazam na atmosfera desde sábado, o que representa un risco de contaminação para as populações vizinhas. A nuvem de gases radioativos que parecia deslocar-se neste domingo para o Oceano Pacífico, com ventos de norte e nordeste é constituída principalmente de iodo e césio, segundo especialistas ouvidos pela AFP.

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(Com Agência France-Presse)

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