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‘Carrie – a Estranha’ é quase um X-Men em remake

Refilmagem do clássico da década de 1970, feito com base no romance de Stephen King, traz a perturbada protagonista com poderes telecinéticos exagerados, além de atuação fraca do elenco e narrativa pouco empolgante

Por Rafael Costa
6 dez 2013, 07h53

Produzir o remake de um grande clássico do cinema não é tarefa fácil e nem sempre o resultado é animador. Em alguns casos, o novo longa se converte até num insulto à versão original, como é o caso da refilmagem de Carrie – a Estranha. A história baseada na obra de Stephen King, que ganhou uma versão menor para a TV em 2002, foi dirigida originalmente — e com louvor — por Brian De Palma, em 1976. Na época, o cineasta — que também foi responsável por outros clássicos como Os Intocáveis (1987) e Scarface (1983) — não pôde contar com os inúmeros efeitos especiais disponíveis nos dias de hoje, no entanto sua versão é praticamente uma aula de cinema quando comparada à adaptação fraca e pouco empolgante de Kimberly Peirce, que estreia nesta sexta no país.

No filme, Carrie White (Chloë Grace Moretz) é uma adolescente tímida e perturbada que vive sob os cuidados exagerados de sua mãe, Margaret (Juliane Moore), uma fanática religiosa que vê as atitudes promíscuas dos jovens como um ultraje aos ensinamentos bíblicos. Ela faz de tudo para que Carrie não siga o mesmo caminho de seus colegas de escola. O comportamento ditatorial materno influencia a postura da jovem no colégio, onde é vítima constate de abusos e de provocações dos outros estudantes. O que os colegas não imaginam é que a garota é dotada de poderes telecinéticos — que permitem mover objetos apenas com a força do pensamento — usados por ela como maneira de se vingar pelo bullying maior do filme, que acontece justamente no tradicional e importante baile de formatura da escola.

Exceto por uma mudança ou outra na história, o roteiro segue a linha do original. Quais mudanças? A diretora optou por iniciar o filme com a cena do nascimento de Carrie, que, indesejada pela mãe, quase é assassinada com uma tesoura ao chegar ao mundo. E, na cena em que o garoto mais popular do colégio, Tommy Ross, tenta convencer Carrie a ir ao baile de formatura com ele, já com o plano de fazê-la cair em um trote, Kimberly inverte as coisas. No longa original, Tommy convence Carrie ao se mostrar feliz por ela ter elogiado o poema lido por ele em classe, enquanto nessa nova versão o artifício usado é um elogio dele ao poema lido pela garota na aula. Outra (boa) mudança em relação ao filme de 1976 é a inserção das redes sociais e do cyberbullying no roteiro. Em uma das primeiras cenas, quando Carrie menstrua pela primeira vez no vestiário da escola e sai desesperada em busca de socorro por não saber do que se trata o sangramento, todas as garotas começam a rir e a atirar absorventes nela. O momento, bem ao sabor dos dias atuais, é registrado pela câmera de celular da popular Chris Hargensen (Portia Doubleday).

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No entanto, os (poucos) pontos positivos vão por água abaixo puxados pelo restante da trama. A diretora pecou em usar e abusar dos efeitos especiais com o intuito de dar ênfase aos poderes sobrenaturais de Carrie. Sua capacidade fora do comum de mover objetos inanimados, e até pessoas, é evidenciada de maneira exagerada em diversas cenas, algumas delas até desnecessárias e beirando o tosco, como no momento em que a garota levita sua mãe e a atira no “quarto das orações” para que ela não a impeça de ir ao baile de formatura, enquanto na versão de Brian De Palma as demonstrações de telecinese são sutis e marcam presença apenas em momentos-chave do longa.

Os poderes extraordinários no filme são dignos de um X-Men, que usa seus dotes especiais para lutar contra o seu maior vilão: o bullying. Não causaria estranheza uma aparição-surpresa do Professor Xavier, o fundador dos X-Men, convocando a perturbada garota para entrar na equipe de mutantes ao lado de Wolverine e companhia.

Como se não bastasse, o elenco, tanto adolescente, como adulto, também decepciona na versão 2013 de Carrie – a Estranha, com exceção de Juliane Moore (Magnólia e Longe do Paraíso), que faz o papel da mãe de Carrie. O rostinho bonito de Chloë Grace Moretz (500 Dias com Ela e Kick-Ass) também não convence no papel da protagonista, que perde de lavada se comparada à Sissy Spacek da versão original — a atriz, aliás, foi indicada ao Oscar de melhor atriz na ocasião. Para piorar, a narrativa pobre e o cenário pouco sombrio dificilmente provocam sustos ou agonia no espectador.

Saudosistas e fãs de grandes clássicos do terror certamente vão se decepcionar com a adaptação de Carrie – a Estranha, que, além de não empolgar, não assusta.

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