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Estratégia do “pague quanto quiser” ganha força em SP

Por Da Redação
2 ago 2012, 10h36

Por Juliana Deodoro

São Paulo – Em um contexto de ingressos cada vez mais caros, meias-entradas cada vez mais escassas e de uma infinidade de patrocínios governamentais, a solução encontrada por diversos produtores e agentes culturais para financiar shows, espetáculos e livros é, no mínimo, curiosa. O esquema do “pague quanto quiser”, famoso fora do Brasil em restaurantes e cafés, tem se proliferado especialmente no setor cultural paulistano.

“Quanto você pagaria por uma garrafa de água quando tem muita sede? E uma apresentação que te toca: quanto vale isso?”, questiona Danilo Fraga, produtor do Teatro da Vila, espaço cultural onde grande parte da programação é financiada pela “sede” do público. O teatro, que funciona dentro de uma escola estadual na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, repassa aos espectadores a responsabilidade de decidir quanto o artista deve receber pela apresentação.

“Queremos criar a consciência de quanto vale a cultura. Propomos a reflexão para as pessoas, é uma questão cultural, mas também política”, afirma Fraga. A programação do teatro inclui principalmente shows de bandas independentes, desconhecidas do público e da mídia. “É uma forma de se colocar no mercado. Hoje em dia, o artista tem de ir atrás do público e não o contrário”, diz o produtor.

Segundo o ator e dramaturgo Ivam Cabral, a adoção do pague quanto quiser é reflexo do mundo atual, no qual o compartilhamento e a colaboração da internet têm influenciado também ações offline.

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O dramaturgo é um dos fundadores do grupo Satyros que, desde 2003, organiza o Festival Satyrianas. No evento, o grupo entra com a infraestrutura – palco, iluminação e técnicos – e a bilheteria vai toda para os atores. “Muitas pessoas não pagam absolutamente nada, mas já teve gente que deixou mais de R$ 100”, conta Cabral.

Sucesso

Se para alguns a escolha por esse tipo de financiamento é uma posição ideológica, para outros é um negócio – e lucrativo. A 24×7 Cultural, empresa responsável pelas 20 máquinas de livro Pague Quanto Acha Que Vale, espalhadas por estações de metrô da cidade, estava para fechar as portas quando seu dono, o empresário Fábio Bueno Netto, optou por deixar os consumidores escolherem o valor a pagar pelos livros. “Estávamos com muito estoque, venda baixa e perdendo dinheiro. O que começou como uma campanha se tornou a própria empresa”, conta Bueno Netto.

Como a máquina aceita apenas notas, o preço mínimo de cada livro é R$ 2 – valor pago pela maioria dos leitores. Os títulos que mais saem são de culinária, liderança e negócios, mas Netto diz que o importante é ter uma capa chamativa. “Eu achava que as pessoas fossem pagar mais, valorizar o livro, mas elas pagam o que podem mesmo. O grande resultado, porém, foi fazer as pessoas lerem”, diz.

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O negócio deu tão certo que a empresa quer expandir o modelo para a Linha-4 Amarela – a única do metrô que ainda não tem as máquinas – e para o Rio.

Motivos

O músico Maurício Pereira já testou as mais diversas maneiras de financiamento do seu trabalho, inclusive o pague quanto quiser. Ele atribui o surgimento desse tipo de remuneração ao excesso de oferta de produtos culturais. “Não é uma iniciativa, é uma consequência. É uma das várias maneiras que a classe artística está buscando para remunerar seu trabalho”, diz. E completa: “Se Frank Zappa ou B.B. King fossem brasileiros, estariam fazendo shows com ingressos no pague quanto acha que vale”.

Para a professora de Comunicação com o Mercado da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM) Clarisse Setyon, a adoção desse financiamento é reflexo dos preços exagerados cobrados no mercado cultural. Apesar de afirmar que a estratégia pode funcionar para atrair mais pessoas, Clarisse diz não acreditar que dure muito tempo. “Tenho dúvidas se isso se sustenta a médio e longo prazos. Para que isso seja possível, todo mundo tem de participar, o que não acredito que vá acontecer.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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