Dados do ‘Panama Papers’ são publicados na internet
Informações sobre cerca de 200.000 empresas em paraísos fiscais foram disponibilizadas em banco de dados online
Parte dos Panama Papers, documentos que revelaram o funcionamento de empresas em paraísos fiscais, foi disponibilizada na internet na tarde desta segunda-feira. Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), o banco de dados inclui informações do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca sobre cerca de 200.000 empresas de fachada e nomes de pessoas.
“É um avanço natural para a transparência, que permitirá que a sociedade civil tenha informações básicas sobre os dados contidos nos Panama Papers“, declarou o diretor do ICIJ, Gerard Ryle. “Na verdade, existem muitos documentos. De modo que não podemos saber tudo o que esconde”.
Na página do banco de dados, o Consórcio lembra que “há usos legítimos de empresas e fundos offshore”. “Não pretendemos sugerir ou insinuar que qualquer pessoa, empresa ou outra entidade incluída nesse banco de dados tenha infringido a lei ou tomado qualquer atitude impropriamente”, diz a mensagem.
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Vazamento – No início de abril, houve o vazamento de 11,5 milhões de documentos de quase quatro décadas da Mossack Fonseca, especializada em criar e gerir empresas em paraísos fiscais, com informação de mais de 214.000 offshores em duas centenas de países e territórios. As informações foram passadas para o ICIJ, em parceria com 109 veículos de imprensa de 76 países.
Políticos, esportistas e celebridades – inclusive brasileiros – estão entre os nomes citados pela investigação. O vazamento desencadeou a abertura de muitas investigações em todo o mundo e levaram o primeiro-ministro islandês e um ministro espanhol a renunciar.
Na última sexta-feira, fonte anônima responsável pelo vazamento se pronunciou pela primeira vez desde a revelação dos documentos. Em declaração publicada na internet, a fonte, apelidada de “John Doe”, não deu pistas sobre a sua identidade, limitando-se a dizer que “não trabalha para um governo ou serviço de inteligência” e que decidiu divulgar as informações por ter percebido “a magnitude das injustiças” provocadas pela corrupção.
No texto, “John Doe” disse ainda que “a próxima revolução será digital”, se referindo à ideia de que a internet pode combater o acesso desigual à informação, problema que, segundo ele, é a chave de um sistema “que se aproxima de uma escravidão econômica”.
(Com AFP)