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Mercúrio tem o campo magnético mais antigo do Sistema Solar

Dados inéditos da nave Messenger revelam que o campo do planeta surgiu há 3,9 bilhões de anos. Essa é uma condição fundamental para a proteção da atmosfera e da vida em planetas

Por Rita Loiola Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2016, 14h46 - Publicado em 7 Maio 2015, 17h42

O campo magnético que rodeia o planeta Mercúrio é, provavelmente, o mais antigo ainda em atividade em toda a galáxia. Ele surgiu há 3,9 bilhões de anos, cerca de 600 milhões de anos depois da formação do planeta, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science. Mercúrio é o único planeta, além da Terra, a apresentar um campo magnético ativo no Sistema Solar. No entanto, os traços mais antigos do nosso não passam de 3,45 bilhões de anos.

Estudos da última década sugerem que o campo de um planeta é uma proteção necessária contra a radiação solar intensa que pode eliminar a atmosfera, evaporar toda a água e acabar com qualquer chance de vida na superfície. Por isso, ele é um importante indício de vida presente ou passada. Algumas evidências indicam que Marte também foi cercado por magnetismo, mas o campo desapareceu há cerca de 4 bilhões de anos.

“Mercúrio é o planeta com o mais longo campo magnético ao menos no Sistema Solar. Ele teve magnetismo há 3,9 bilhões de anos e possui atualmente. Entretanto, ele pode ter sido ‘desligado’ e ‘religado’ em algum momento. A explicação mais simples é que ele esteve presente de alguma forma por esse tempo”, afirmou ao site de VEJA a astrônoma canadense Catherine Johnson, professora da Universidade British Columbia, no Canadá, e líder do estudo. “É importante notar, contudo, que mesmo assim não há nenhuma evidência de uma atmosfera tão antiga por lá e as condições de sua superfície provavelmente sempre foram inóspitas para qualquer tipo de vida”, completou.

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Missão Messenger – As informações vieram da nave Messenger, missão da Nasa que foi encerrada na última semana com a queda da sonda no planeta. Voos muito próximos da superfície, com distâncias de no máximo 15 quilômetros, entre abril do ano passado e desde ano, forneceram os dados que permitiram a análise. Até então, a nave que deixou a Terra em 2004 ficava a uma altitude de 200 a 400 quilômetros de Mercúrio. As novas informações ajudaram os cientistas a descobrir a idade do campo magnético do planeta.

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Com os sobrevoos perto da crosta, os pesquisadores coletaram detalhes sobre rochas que registram a força e a direção do magnetismo presente na formação do planeta. Os dados confirmaram que o campo magnético é fraco (cerca de 1% da força do da Terra), está deslocado próximo ao polo Norte (diferente do terrestre, irradiado a partir do centro) e se origina de seu núcleo repleto de ferro em estado líquido.

Magnetismo planetário – Até que os dados da missão Messenger chegassem aos cientistas, um campo magnético em atividade era tido como uma condição exclusiva da Terra no Sistema Solar. O fraco magnetismo de Mercúrio ainda intriga os cientistas. Não se sabe a causa de seu deslocamento para a parte norte do planeta, se ajudou a reter água no solo ou se ele se manteve constante em toda a sua história.

“Para fazer sentido como protetor da vida, não basta um planeta ter campo magnético, ele precisa manter esse campo de maneira estável na superfície por bilhões de anos. As evidências do estudo mostram que, em Mercúrio, o campo provavelmente diminuiu rápido sua força devido ao tamanho do planeta e seu resfriamento rápido, enquanto na Terra ele ainda perdura”, explica o astrônomo brasileiro Douglas Galante, pesquisador do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, e do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da USP. “O desafio lançado por esse artigo é para explicar a origem desse campo em Mercurio tão cedo em sua história, contradizendo muitos dos modelos atuais de evolução planetária. Um dado novo e não esperado que pode reformular a visão que temos do Sistema Solar”, concluiu Galante.

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