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E-commerce brasileiro procura profissionais. E não acha

Levantamento que ouviu empresas do setor que estão contratando revela que, em 65% dos casos, candidatos são despreparados para ocupar vagas abertas

Por Rafael Sbarai
13 out 2012, 12h48

O comércio eletrônico caminha a passos largos no Brasil. Neste ano, o faturamento do setor deve ultrapassar a marca de 22 bilhões de reais. Se a estimativa se confirmar, a área vai experimentar um crescimento de 20% em relação às vendas do ano passado, muito superior ao tímido desempenho esperado do restante da economia nacional: 1,5%. O e-commerce nacional pode registrar outro recorde neste ano: 40 milhões de brasileiros (metade dos usuários de internet no país) devem fazer ao menos uma compra em uma das 30.000 lojas on-line existentes. E o mercado deve ser aquecido ainda pela chegada da Amazon, gigante americana do varejo eletrônico, o que deve ocorrer entre o fim deste ano ou início de 2013. Apesar de tantos indicadores positivos – e justamente por causa desse crescimento acelerado – o comércio eletrônico já se ressente da falta de profissionais. É o que revela levantamento realizado pela e-bit, empresa que consolida dados do e-commerce nacional, em parceria com a Universidade Buscapé Company, do grupo Buscapé, e obtido com exclusividade por VEJA.com.

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Competências indispensáveis ao profissional de e-commerce

A pesquisa ouviu 274 profissionais de pequenas e médias empresas de e-commerce de todo o Brasil, sendo que mais da metade delas tinha postos abertos para contratação imediata nos últimos seis meses. Contudo, a constatação mais importante do estudo preocupa: em 65% dos processos de seleção, os candidatos não estavam preparados para ocupar as vagas oferecidas. O problema revelado pela amostragem é confirmado por companhias de todo porte e também analistas. Prejuízo para o setor? “É evidente”, afirma Gerson Rolim, diretor de marketing da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. “Projetos precisam ser paralisados ou atrasados, a inovação perde velocidade.”

A relativa escassez de mão de obra especizada é, na análise da e-bit, fruto do crescimento acelerado do e-commerce no Brasil. “É um segmento relativamente novo, que demanda novas competências em intervalos de tempo muito curtos”, diz Pedro Guasti, diretor geral do e-bit. Um bom exemplo disso é o cargo de gerência de mídia social, responsável por interagir com potenciais consumidores em perfis corporativos no Twitter, Facebook e YouTube. O posto mal existia em grande parte das empresas até dois anos atrás e agora já exige conhecimentos profundos sobre investimento em publicidade naquelas plataformas. Outro exemplo de demanda que se impõe às empresas é o chamado m-commerce: há um ano, as compras via celular eram irrisórias (em muitos casos ainda são), mas as empresas já sabem que é para lá que caminha o consumidor.

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Falar-se genericamente em e-commerce é como não falar nada. O setor se expandiu e fragmentou em várias subáreas específicas. Hoje, está dividido em dois grandes campos, técnico e de negócios, repartidos, por sua vez, em várias subdivisões. O primeiro campo engloba as funções de designer, desenvolvedor web e de plataformas móveis, enquanto o segundo fica com gerência de e-commerce, marketing digital, mídia social, logística, benchmarking, metadados e call center. Não é pouco. Devido à diversidade, os salários variam muito: segundo o último levantamento feito pelo Catho, serviço que reúne ofertas de empregos e currículos, relativo a 2012, a média dos vencimentos do setor vai de 800 reais (caso de auxiliares) a 16.400 (diretores).

Continue a ler a reportagem

O recrutamento de profissionais no e-commerce brasileiro
O recrutamento de profissionais no e-commerce brasileiro (VEJA)

Se faltam profissionais qualificados, sobram vagas. Segundo levantamento da reportagem de VEJA.com, três dos maiores sites de e-commerce do país (Fast Shop, Netshoes e Nova Pontocom) possuem quase duas dezenas de vagas a serem preenchidas. No caso da Fast Shop, especializada em eletroeletrônicos, postos de assistente de e-commerce estão abertos há quase dois meses. A empresa não comenta a situação.

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Na Nova Pontocom, empresa do grupo Pão de Açúcar que controla as marcas CasasBahia, Extra e Ponto Frio na internet, a solução encontrada foi formar as pratas na casa. “Formamos times com profissionais provenientes de diversas áreas da empresa”, diz Cássia Soumaili, gerente de recursos humanos do grupo. “Ainda assim, encontramos dificuldades para encontrar profissionais que reúnam visão de negócio, habilidade em gestão de pessoas e certa experiência no comércio eletrônico.”

A Netshoes, maior loja virtual de esportes e lazer da América Latina, segue o mesmo caminho. Desde janeiro de 2010, mantém um projeto de capacitação de funcionários visando, é claro, a comercialização virtual. “Em 2011, dedicamos 42.000 horas à preparação de nossas equipes. Neste ano, em apenas nove meses ultrapassamos aquela marca, com 60.000 horas”, diz Luciana Machado, gerente de recursos humanos da Netshoes. O curso é o embrião da Universidade Netshoes, que será inaugurada em 2013 para garantir o aprendizado constante dos funcionários – exigência do e-commerce.

O mundo acadêmico também vai auxiliar as empresas nessa tarefa. Em 2013, a Faculdade Impacta promoverá pela primeira vez um MBA dedicado exclusivamente ao e-commerce. “Criamos o curso por conhecer as dificuldades de contratação no setor”, diz Felipe Moraes, coordenador do curso. “Quando ingressei no mercado digital, fui rejeitado por três grandes empresas de varejo on-line justamente porque não tinha experiência. Ou seja: conheço o problema de perto.” Bom para os profissionais, bom para os consumidores.

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