Desnutrição matou 92 crianças indígenas em 2010
Segundo relatório do Conselho Indigenista Missionário, das cem crianças nascidas no ano na tribo Xavante, no Mato Grosso, sessenta morreram
A falta de atenção à saúde dos povos indígenas provocou a morte de 92 crianças menores de 5 anos em 2010, mostra relatório do Conselho Indigenista Missionário divulgado nesta quinta-feira. A situação mais crítica se dá no Mato Grosso, na tribo Xavante, onde, das cem crianças nascidas no ano, sessenta morreram. A situação agravou-se desde 2009, quando foram registradas quinze mortes de menores de 5 anos de idade no Brasil – número seis vezes menor do que o verificado em 2010. Os pequenos indígenas morreram de doenças que poderia ser curadas com remédios e com orientação médica adequada, como desnutrição, problemas respiratórios e doenças infecciosas. De acordo com o Cimi, no Mato Grosso, a assistência médica aos índios é precária. Faltam equipamentos, médicos, enfermeiros, medicamentos e transporte para levar os doentes das tribos até a cidade. Problemas semelhantes ocorrem no Vale do Javari, no Amazonas. Na terra, homologada em 2001, o alto índice de mortalidade infantil nos últimos anos provoca uma diminuição da população indígena na região. Nos últimos onze anos, 210 crianças menores de 10 anos morreram no Vale do Javari – uma proporção de mais de cem mortes para cada mil nascidos vivos, índice cinco vezes maior que a média nacional, de 23 mortes a cada mil nascimentos. Violência – O relatório do Cimi mostra que a violência contra os índios no Brasil não recuou em 2010. No ano, foram registrados sessenta assassinatos de indígenas – mesmo número de crimes verificados pelos pesquisadores em 2008 e em 2009. Metade das mortes ocorreu em Mato Grosso do Sul, região de conflitos entre índios e produtores rurais pela posse de terras.