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Vale tem cerca de mil funcionários à espera de realocação

Em meio à crise internacional, mineradora tenta administrar enorme grupo de trabalhadores desocupados que se formou após a desativação de projetos

Por Da Redação
30 out 2012, 18h16

O cenário econômico desfavorável no mercado internacional – que derrubou os preços do minério de ferro e os lucros das mineradoras – está provocando pequeno número de demissões na Vale. Ainda não há confirmação de novas dispensas. Contudo, a empresa tenta administrar um contingente de cerca de mil trabalhadores que aguardam realocação após a desativação de projetos da companhia no Brasil e no exterior.

A empresa está demitindo 25 pessoas em Minas Gerais e os desocupados estão em processo de realocação após unidades terem sido suspensas, afirmou o presidente do Sindicato Metabase de Belo Horizonte, Sebastião Alves de Oliveira. A entidade representa cerca de 8 mil trabalhadores lotados nas cidades de Nova Lima, Itabirito, Sabará, Santa Luzia, Raposos e Rio Acima.

Segundo o sindicalista, as demissões envolvem analistas e engenheiros e são justificadas pela suspensão de projetos da companhia. “Vinte e cinco empregos é bastante coisa, mas, pelo tamanho do nosso problema, é menos mau”, ponderou o representante dos trabalhadores.

Manobra governista – Para Olveiria, a postura da empresa, hoje administrada por Murilo Ferreira, diante deste cenário de crise é “bem mais positiva” que a adotada durante a crise financeira de 2008, que levou a Vale a demitir centenas de pessoas.

Na época, o CEO da companhia era Roger Agnelli, que não esperou para demitir 1 500 pessoas e desativar plantas a despeito dos protestos públicos do ex-presidente Lula. O executivo, conhecido por seu foco nos resultados, explicou que as demissões eram necessárias para preservas as finanças da Vale ante à forte retração do mercado internacional. A companhia é essencialmente exportadora, com forte presença na China.

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Desde este episódio, o ex-presidente e sua sucessora, Dilma Rousseff, não se conformaram e fizeram de tudo para tirar Agnelli de seu posto. Como a Vale é uma empresa privada, eles não podiam muito a não se tentar convencer os fundos de pensão – que fazem parte do grupo de controle – a realizar uma troca de comando. A política só foi concretizada em abril de 2011, quando, então, o banco Bradesco, outro importante acionista, foi convencido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, a compor o grupo de pressão.

O escolhido foi Murilo Ferreira, um ex-diretor da própria Vale, onde havia trabalhado por 30 anos. Uma das credenciais para a decisão que selou a escolha de Ferreira pelo ‘bloco governista’ foi sua experiência durante as greves de trabalhadores na Inco, a então divisão da mineradora no Canadá. Dilma e sua equipe consideraram satisfatória sua atuação porque o executivo teria procurado “proteger” os interesses dos trabalhadores locais.

Cinco meses após assumir o cargo de CEO da matriz, já em setembro de 2011, Ferreira reuniu-se, pela primeira vez na história da empresa, com todos os representantes dos 17 sindicatos de empregados da companhia. Na reunião, que durou cerca de duas horas, fez promessas de usar a demissão sempre como último recurso num momento de crise – e disse que preferia cortar primeiramente os benefícios das diretorias.

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O lado da Vale – Procurada, a Vale disse que o número de contratações neste ano equivale a mais que o dobro de funcionários desligados.

De janeiro a outubro foram 5,8 mil contratações, informou a empresa, que possui 68 mil empregados próprios no Brasil. A Vale afirmou ainda que o “turnover” (rotação de funcionários) anual representa cerca de 4,5% do total de empregados.

A empresa não comentou imediatamente sobre o número de funcionários que estão em processo de realocação para outras unidades. “Estamos sabendo de 900 a 1 100 pessoas que estão se movimentando nesse sentido”, disse Oliveira, o presidente do Sindicato Metabase de Belo Horizonte.

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A mineradora havia dito anteriormente que está realocando funcionários de projetos suspensos e de unidades desativadas.

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Riscos – Segundo dois funcionários da Vale que pediram anonimato, o grande número de pessoas desocupadas dos cargos extintos pode levar a empresa a cortes em algumas de suas áreas no Brasil e no exterior. A Vale anunciou no início de outubro a suspensão da produção de três de suas dez unidades de pelotização no Brasil, num momento em que o mercado de pelotas não está favorável.

A três fontes relataram ainda que um grande número de empregados vindos do exterior nas últimas semanas, principalmente do projeto Simandou, na Guiné, aguarda realocação. O projeto Simandou foi colocado em revisão.

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Banco de vagas – “A Vale montou uma estrutura muito grande para novos projetos e agora muitos estão sem ter o que fazer, formando um gigantesco banco de vagas”, afirmou um funcionário.

Uma reestruturação na divisão de petróleo e gás estaria sendo realizada, segundo outra fonte do setor, que disse que um email circulou na segunda-feira internamente na Vale sobre o assunto. Ativos de óleo e gás foram colocados à venda.

A companhia anunciou na semana passada que vai reduzir investimentos, buscar parceiros, sair de projetos que não lhe dão retorno e continuar implementando corte de custos diante do cenário incerto de preços de minério de ferro e metais no mercado internacional. Na teleconferência com analistas na semana passada, os diretores da Vale não falaram em demissões.

A empresa divulgou redução de 57,8% no seu lucro líquido no terceiro trimestre, impactado pelo forte recuo dos preços do seu principal produto.

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A rival BHP Billiton também está cortando empregos devido ao mercado fraco para metais. A mineradora informou que demitiu 100 pessoas em divisão de níquel da Austrália .

(com Reuters)

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