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PSOL, PSTU e PT comandam sindicatos ligados a black blocs

Levantamento mostra que 61 filiados a PSOL, PSTU e PT ocupam cargos de dirigentes do Sindipetro, do Sepe e do Sindsprev no Rio

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Atualizado em 22 out 2020, 19h35 - Publicado em 5 ago 2014, 07h18

Um levantamento realizado pelo site de VEJA nos registros partidários do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que 61 dirigentes filiados a PSOL, PSTU e PT comandam sindicatos responsáveis pelo financiamento de manifestações que tiveram participação de black blocs no Rio de Janeiro. A ajuda financeira dessas organizações sindicais foi relatada por testemunhas e investigados na Operação Firewall da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).

Os sindicatos foram associados pela polícia a 23 black blocs, que respondem na Justiça por associação criminosa. São eles: o Sindicato dos Petroleiros do estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ) e o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindsprev-RJ). Todos negam ter patrocinado atos criminosos e afirmam que a polícia tenta criminalizar o movimento sindical.

Dirigentes por partido

PSOL 34 PT 14 PSTU 13 PCdoB 7 PDT 3 PRP 1 PSC 1 DEM 1

Dos quarenta dirigentes do Sindsprev, pelo menos dezoito são filiados ao PSOL, o que inclui os três sindicalistas no comando da secretaria de finanças. E recursos do sindicato já foram utilizados em campanhas do partido, de acordo com gravações de conversas telefônicas flagradas da deputada estadual Janira Rocha (PSOL), ex-diretora do Sindsprev. Janira, aliás, nunca pareceu se preocupar com sua ligação com os vândalos mascarados. Há duas semanas, ela ajudou a advogada Eloisa Samy, uma das ativistas com mandado de prisão preventiva expedido por organizar atos violentos, a fugir de cerco policial no Consulado do Uruguai no Rio de Janeiro. Outros cinco dirigentes do Sindsprev são do PCdoB.

No Sindipetro, cinco diretores são filiados ao PT e outros cinco ao PSTU – entre eles Claiton Coffy, secretário do diretório regional do PSTU no Rio de Janeiro. Já o Sepe, que representa professores, possui dezesseis diretores filiados ao PSOL, outros nove ao PT, e sete ao PSTU.

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Desde a morte do cinegrafista Santiago Andrade, a polícia investiga se partidos contribuíram com dinheiro para estimular quebra-quebra em manifestações. A suspeita foi mencionada em depoimento de Caio Silva de Souza, preso por lançar o rojão que matou o cinegrafista. A hipótese voltou à tona com a Operação Firewall, porque os investigadores reuniram evidências de ajuda financeira fornecida por sindicatos a manifestantes violentos.

O diretor de finanças do Sindipetro-RJ, Francisco Soriano de Souza Nunes (sem partido), diz que o sindicato, que tem cerca de 5.500 filiados e arrecadação superior a 11 milhões de reais em 2013, precisa contribuir para reivindicações populares legítimas por um “compromisso moral”. “Se eu fizer campanha entre filiados e pedir mais recursos para apoiar o avanço social do Brasil, conseguirei. É um compromisso moral que nós temos”, afirmou Nunes.

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Mas Nunes não sabe explicar como evitar que a contribuição do sindicato acabe ajudando manifestantes interessados em promover a destruição do patrimônio público e privado. A Polícia Civil do Rio de Janeiro sustenta que 23 acusados na Operação Firewall participavam de maneira violenta de protestos e planejavam crimes na data da partida final da Copa do Mundo, em 13 de julho – alguns deles foram presos na véspera.

No inquérito da operação policial, a testemunha Rosângela de Brito Ferreira relatou à polícia que obteve dinheiro no Sindipetro “para compra de quentinhas, passagens e material para confecção de cartazes”. Ela disse que os recursos eram entregues diretamente para Elisa Quadros, a Sininho, considerada pela polícia uma das líderes dos baderneiros. A polícia suspeita que Elisa e o ex-namorado Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o Game Over, eram responsáveis pela contabilidade dos manifestantes. De acordo com Rosângela, durante invasão da Câmara Municipal do Rio de Janeiro no ano passado, foram compradas 300 quentinhas para o almoço e 300 para o jantar. Ela disse ainda que Jair Seixas Rodrigues, o “Baiano”, era ligado ao Sindipetro e recrutava pessoas para manifestações em troca de pagamento.

“Baiano” foi investigado pela polícia e, em depoimento, afirmou que pediu e recebeu quentinhas do Sindipetro-RJ para manifestantes. De acordo com as investigações, ele recebeu dinheiro do sindicato para arregimentar manifestantes e transportar black blocs no violento protesto contra o leilão do campo de Libra, maior reserva de petróleo da camada pré-sal do país.

Já se sabe também que houve ajuda no fornecimento de refeições pelo Sepe, sindicato com mais de 30.000 filiados, para os manifestantes, de acordo com conversa telefônica de Sininho, gravada com autorização judicial. Em 9 de junho deste ano, ela menciona que fez contato com sindicatos como Sindipetro e Sepe para obter cem “quentinhas” para índios da “Aldeia Maracanã”. Outro investigado marcava reuniões no Sindsprev.

Christiane Gerardo Neves, uma das integrantes da diretoria de finanças do Sindsprev, defende o fornecimento de refeições para manifestações. Ela acusa a polícia de ser responsável por atos violentos em manifestações e chama de “peça tragicômica” o processo originado pela Operação Firewall. “Só vejo baderna com participação dos policiais. Esse processo é uma peça tragicômica de extremo mau gosto”, afirmou. O sindicato tem mais de 24.000 filiados e arrecada cerca de 1 milhão de reais por mês, de acordo com Christiane.

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