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Crivella crivellou

Senador contou a VEJA como foi preso e deu sumiço nas evidências. Depois, mudou tão radicalmente a história que o fato merece até um verbo novo: crivellar

Por Leslie Leitão e Thiago Prado
29 out 2016, 10h57

Passada uma semana, a Polícia Civil do Rio de Janeiro ainda não sabe como explicar. Como VEJA revelou na semana passada, o senador Marcelo Crivella, candidato à prefeitura do Rio pelo PRB, foi preso há 26 anos e, durante todo esse tempo, guardou a documentação do caso em sua casa. Guardou até os negativos das fotos tiradas na delegacia em 18 de janeiro de 1990. A Polícia Civil, até agora, não faz ideia de como o material deixou os arquivos policiais, o que é proibido por lei.

Também não sabe explicar outro mistério perturbador: como os registros reapareceram há seis meses em um sistema oficial de buscas? A família do delegado João Kleper Fontenelle, que morreu em 2012, reagiu indignada à explicação de Crivella de que ganhara tudo — o inquérito e as fotos — de presente do próprio delegado. “Pôr a culpa em alguém que já morreu e não pode se defender é muita falta de escrúpulos”, afirmou a filha de Fontenelle, Flávia, que cogita processar o bispo licenciado.

Líder das pesquisas às vésperas da eleição, Crivella tentou conter os danos com uma tática que desafia o bom-senso: mudou por completo a versão do que dissera em conversa gravada com VEJA. De tão inusitado, o método merece um verbo em homenagem ao criador: Crivella crivellou. Em um vídeo, disse: “Vou esclarecer. Nunca fui preso”. Tentou pulverizar, numa única frase, uma fila de evidências: 1) o registro de ocorrência 023/1990, em que foi autuado por invasão de domicílio; 2) a fiança de 450 cruzados novos (hoje 320 reais) que pagou para sair da cadeia; e 3) sua própria voz dizendo, no áudio postado no site de VEJA: “Fiquei preso na carceragem da 9ª DP lotaaaaaaada de gente”.

No mesmo vídeo, crivellou uma segunda vez. Disse que sua única intenção na ida ao local da discórdia era “consertar um muro que ameaçava desabar”. No inquérito que o próprio Crivella cedeu a VEJA, pessoas que estavam no terreno afirmam que ele chegou com pé de cabra e homens armados para expulsá-las. Na entrevista à revista, o bispo ainda disse: “Fiquei revoltado” e “arrebentei aquela cerca”. É natural que um candidato queira desviar-se de um noticiário desfavorável, sobretudo às vésperas da eleição. É difícil compreender, no entanto, as razões que o levam a desmentir a si próprio. Talvez por isso Crivella tenha cancelado as entrevistas de que participaria na semana passada. Talvez temesse crivellar de novo.

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