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‘Eu apanhei de Júnior Cigano. Mas quero minha revanche’

Como seria encarar o campeão dos pesados do UFC? Um repórter de VEJA foi ao octógono para provar a experiência. E saiu com gosto de sangue na boca

Por Davi Correia
24 jun 2012, 18h05

É indescritível a sensação de ver Cigano crescendo em sua direção e jogando os ombros contra sua cintura para fazer a alavanca e derrubá-lo. Não adianta fazer força para tentar segurá-lo: com uma simples rasteira ele consegue a melhor posição para seguir dominando o combate

Júnior Cigano tem 1,93 metro de altura, 108 quilos, 1,96 metro de envergadura e um cinturão de campeão dos pesos pesados do UFC. Mas é impossível imaginar a verdadeira força de seus golpes até que sua mão direita, que mede 23 centímetros e parece ser feita de pedra, acerta sua cara em cheio – ainda que de brincadeira, num treino leve, sem esforço algum. Enfrentar um astro do UFC parece uma missão impossível até para quem treina MMA como hobby (e, portanto, conhece as técnicas e táticas básicas desse esporte). Quem gosta, torce e pratica a modalidade costuma acompanhar as lutas fingindo que está no octógono, no lugar de seu campeão preferido – simulando se esquivar do rival, palpitando sobre qual deve ser o próximo golpe, antecipando um soco que nunca chega e até criticando a estratégia do ídolo. Nada disso prepara o lutador amador para o momento em que um campeão de verdade aparece na sua frente, em posição de combate, pronto para derrubá-lo com apenas um murro. Era apenas um treinamento, é claro: Cigano topou a experiência e recebeu o oponente mais fraco de sua carreira num octógono montado numa academia de São Paulo. Mediu seus golpes, tratou de preservar seu convidado e garantiu que o sparring terminasse a sessão inteiro e consciente. Mas não evitou que o desafiante daquela tarde saísse do octógono exaurido, meio zonzo e com um gosto amargo na boca, o mesmo sabor que todos os adversários de Cigano sentem ao final de um combate – o de sangue.

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Trégua e alívio – Sem demonstrar cansaço, Júnior Cigano roda o octógono, em uma clara sinalização para deixar seu adversário descansar. Cerca de um minuto depois, sem paciência para esperar mais, o campeão trata de colocar o sparring no seu devido lugar. A queda é de costas. A sensação de tirar os dois pés do chão e perder o controle sobre seu corpo é angustiante. E fica difícil até mesmo entender os gritos das pessoas que estão fora do octógono. “O golpe está errado!”, avisam ao novato. “Não faz isso com ele!”, pedem ao campeão. Mas ele faz. Os dois ficam de pé mais uma vez. Cigano usa a grade para encurralar sua presa e a controla com o peso do corpo. E começa o martírio. Com uma mão, ele imobiliza a guarda do adversário; com a outra, brinca de acertar a cabeça da vítima. Depois de vários socos, decide investir no jiu-jitsu e encaixa várias posições, mas sem finalizar o oponente. Antes de começar o último round, Cigano avisa: “Sua boca está sangrando. Não quer parar?” Decide-se, então, que o último assalto teria uma trégua. O campeão desacelera o ritmo e se limita a se esquivar dos golpes – que, a essa altura, já não têm quase nenhuma força. Depois de quase 20 minutos de treino, fim de combate. Cigano não tem uma gota de suor. Respira sem ofegar e está pronto para seguir lutando. A primeira sensação depois do treino é de alívio. Em seguida vêm as dores espalhadas pelo corpo todo. Junto delas, porém, surgem na cabeça as impressões do contato com o campeão – sua incrível habilidade, sua rapidez na hora de acertar os golpes, seu notável poder de concentração, que faz um treino parecer uma luta pelo cinturão. E resta, além da surra, uma lição deixada por um grande campeão a um atleta de fim de semana: a vontade de treinar mais, de aprender, de melhorar – e de, quem sabe, voltar a desafiá-lo no futuro.

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