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Atalhos de logística

Surgem no Brasil centros que permitem às empresas compartilhar serviços — e dar saltos de competitividade

Por Gabriel Castro
14 jun 2014, 11h15

Durante a II Guerra Mundial, o governo americano deparou-se com (mais) um problema: era preciso buscar uma forma mais eficiente de produzir e distribuir aos militares um grande volume de itens essenciais, como roupas, alimentos e equipamentos eletrônicos. A saída encontrada foi criar um complexo, na cidade de Memphis, onde tudo isso era fabricado num espaço concentrado. Cerca de três décadas mais tarde, também nos Estados Unidos, a crise do petróleo ensejou o surgimento de espaços onde diferentes empresas podiam compartilhar serviços de armazenagem e transporte, cujos custos haviam disparado: eram as plataformas logísticas, irmãs dos condomínios industriais surgidos na guerra. De seu país de origem, esses dois conceitos se espalharam pelo mundo e começam agora a chegar aqui, como constatou a Expedição VEJA em seu trajeto de quase 12.000 quilômetros pelo Brasil.

O maior condomínio industrial do país funciona em Joinville (SC) e é um empreendimento 100% privado. Além do aluguel, as empresas instaladas no Perini Business Park pagam uma taxa de 1,41 real por metro quadrado. Em troca, não precisam se preocupar com segurança, coleta de resíduos e tratamento de esgoto. Também há abastecimento de água, gás natural e energia assegurados. Se a empresa quiser ampliar a área ocupada, tudo bem: os galpões são fabricados dentro do próprio condomínio, há terreno livre para expansão e a burocracia é zero. As exportadoras e importadoras também podem recorrer ao despachante alfandegário que funciona dentro do aglomerado. Ainda não é possível para elas recorrer a um escritório capaz de lidar de uma só vez com todas as instâncias do governo, como acontece na cidade industrial de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, por exemplo. Mas os ganhos de eficiência proporcionados pelo empreendimento catarinense são evidentes. O condomínio tornou-se o endereço de mais de 100 empresas, como a Sherwin-Williams, a Bosch e a BMW, que ergueu no local o seu centro de distribuição no Brasil. Do Perini, saem 20% das riquezas de Joinville e 2,6% do que é produzido no estado. Muitas companhias instaladas no complexo fazem parte da mesma cadeia produtiva. Foi um dos motivos que atraíram o empresário Fernando Pereira Júnior, dono de uma fábrica de aditivos químicos para tintas. “Meu vizinho de muro me fornece matéria-prima e nós usamos a mesma transportadora”, diz ele.

Os benefícios da integração de diversas atividades em um mesmo ambiente também são demonstrados pelas plataformas logísticas, que permitem, por exemplo, que um caminhão parcialmente carregado de micro-ondas de uma fabricante possa ser usado para levar também produtos de beleza distribuídos por outra companhia – e as rotas mais eficientes são traçadas por programas de computador. O custo da logística representa 8% do produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos. No Brasil, é 12% – com tendência de alta, segundo o professor Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral. O especialista estima que, nos dois últimos anos, o índice tenha se elevado para a casa dos 14%. “O Brasil só vai evoluir quando o governo deixar de ser sócio. É uma atividade que se baseia em regra de mercado, e os governantes não entendem disso”, diz.

A primeira plataforma logística multimodal do Brasil, com integração entre ferrovias, rodovias e aeroporto de cargas, está sendo construída em Goiás. O terminal vai funcionar ao lado do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), que abriga mais de uma centena de médias e grandes empresas. O espaço da plataforma já tem a infraestrutura básica montada, e o governo estadual começou a selecionar a empresa privada que vai gerir a plataforma por 33 anos. Ainda falta a inauguração da Ferrovia Norte-Sul, que deveria ficar pronta em 2014, e do aeroporto de cargas, cuja pista está praticamente concluída.

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Outro empreendimento pioneiro no país está sendo montado na área do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE). É uma zona de processamento de exportação (ZPE). Qualquer indústria que exporte pelo menos 80% do que produz pode se instalar no local e desfrutar benefícios como uma redução de 75% no imposto de renda. A presença na ZPE também assegura acesso privilegiado ao porto, o que reduz custo e tempo. E assim se driblam, em parte, os problemas da infraestrutura brasileira.

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