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Alexandre Kalil é eleito em BH e confirma vexame de Aécio

'Self-made man' da política, ex-presidente do Atlético MG desbancou João Leite (PSDB), afilhado do senador mineiro, ao conquistar 53% dos votos válidos

Por Gabriela Terenzi Atualizado em 30 out 2016, 20h51 - Publicado em 30 out 2016, 19h18

O ex-presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil (PHS), será o novo prefeito de Belo Horizonte. Neste domingo, ele recebeu 52,98% dos votos válidos na capital mineira. O segundo colocado, João Leite (PSDB), ficou com 47,02% dos votos.

O resultado é uma derrota para o senador Aécio Neves (PSDB), padrinho político de Leite – a terceira do senador em sua terra natal. Aécio perdeu em Minas Gerais a disputa para Presidência da República em 2014, ano em que viu seu candidato ao governo, Pimenta da Veiga, ser derrotado pelo petista Fernando Pimentel. O fiasco em mais esta campanha pode enfraquecer sua nomeação como candidato tucano à Presidência da República em 2018. Enquanto isso, seu principal oponente nessa disputa, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), fez de seu afilhado, o empresário João Doria, o primeiro prefeito eleito em primeiro turno em São Paulo.

O “outsider político” Kalil chegou até aqui em grande medida pela fama que conquistou como cartola. Sua figura era tão conhecida na capital mineira que nem os míseros 20 segundos de que dispunha no horário eleitoral e a ausência de um padrinho político o impediram de alcançar o segundo turno.

Kalil sucederá Márcio Lacerda (PSB), que conclui seu segundo mandato com 32% de aprovação dos belo-horizontinos, segundo pesquisa IBOPE. O atual prefeito declarou apoio a João Leite no segundo turno.

A coligação de Kalil era formada por PHS, Rede (partido de seu vice, Paulo Lamac) e PV.

Trajetória

Kalil, 57, foi presidente do Clube Atlético Mineiro entre 2008 e 2014. Nesse período, viu o time passar ao “andar de cima” do futebol brasileiro, com a conquista da Libertadores, em 2013, e da Copa do Brasil, em 2014.

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Mas também colecionou inimigos com declarações nada lisonjeiras a times rivais (“[Ser cruzeirense] é igual a ser aleijado. Coitado, não tem culpa, nasceu!”), juízes (chamou de “babaca” um magistrado federal que bloqueou as contas do Galo) e a TV Globo (“A Globo está fragilizada porque a audiência está indo para o c…”), entre outros.

Antes de assumir a presidência do clube, Kalil trabalhava na Erkal Engenharia, empreiteira que herdou do pai. A empresa teve falência decretada pela Justiça a uma semana antes do primeiro turno, mas foi suspensa.

A Erkal e Kalil também são processados por questões trabalhistas e previdenciárias. Além disso, Kalil tinha dívida de 100 mil reais de IPTU em 2016 —segundo a campanha, também acertada. Esses fatos foram largamente explorados na reta final da campanha pelo adversário João Leite.

A pressão acabou levando o ex-cartola a se atrapalhar ao dar uma resposta em um debate eleitoral: “Roubo, mas não pago propina”, disse, acrescentando que Leite teria recebido dinheiro de Furnas (fato não comprovado).

Campanha

O mote da campanha de Kalil foi o fato de ele não ser um político e não contar com o apoio de nenhum cacique do Estado. Isso deixou o candidato do PHS muito à vontade para criticar todos, inclusive o atual prefeito, Marcio Lacerda, que amarga baixa popularidade no final de seu mandato. O mesmo não pôde fazer João Leite, já que tanto ele quanto Lacerda são ligados a Aécio.

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O ex-cartola agregou, assim, também os votos petistas e anti-Aécio na cidade – até de alguns cruzeirenses.

O candidato esteve atrás de Leite nas pesquisas de intenção de voto por quase todo o período eleitoral. No primeiro turno, sua campanha se baseou praticamente na sua taxa de conhecimento e nas redes sociais, já que ele contava com apenas 20 segundos de propaganda em rádio e TV.

Nos debates, porém, já se evidenciava o discurso antipolítico e a tentativa de passar a imagem de “homem do povo”. Em um deles, para justificar sua dívida de IPTU, Kalil afirmou: “Eu não sou deputado, sou igual a você que está aí, que é pobre, sofre, tem que pagar conta (…) Se eu devo é porque eu tô apertado”. O patrimônio declarado à Justiça Eleitoral pelo ex-cartola é de 2,8 milhões de reais.

As ambiguidades do candidato do PHS eram inegáveis. Buscou passar a imagem de um bom gestor com uma empresa que não está bem das pernas. Durante seus mandatos, as receitas do Galo cresceram, mas as dívidas duplicaram. É um candidato antipolítico, mas financiou campanhas de políticos tradicionais no passado. Entretanto, o fato é que, em BH, a ideia, aparentemente, colou.

O jogo virou há dez dias, quando o IBOPE passou a apontar a vantagem numérica de Kalil. A partir daí, a campanha tucana partiu para o ataque e Kalil rebateu, baixando o nível do debate em Belo Horizonte a níveis jamais vistos, com gritaria e troca de acusações. A discussão sobre a cidade ficou em segundo plano.

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