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Os riscos do anticoncepcional: quem deve se preocupar

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Inglaterra reacendeu o debate sobre os perigos do uso de contraceptivos hormonais. Especialistas consultados pelo site de VEJA explicam em quais casos eles podem ser contraindicados

Por Giulia Vidale
6 jun 2015, 11h34

A pílula anticoncepcional chegou ao mercado no início da década de 60 e foi uma das principais responsáveis pela emancipação feminina. Ao longo dos anos, a ciência aprimorou o método contraceptivo oral, com redução drástica de efeitos colaterais e até resultados estéticos extremamente positivos para as mulheres – como diminuição de inchaço, menor impacto na libido e na oleosidade da pele, problemas causados pelas pílulas antigas. O avanço científico, contudo, veio acompanhado de algumas preocupações. Um recente estudo britânico, realizado por pesquisadores da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, mostrou que o uso da pílula moderna está associado a um risco até quatro vezes maior de formação de coágulo sanguíneo grave, a trombose.”Todo método hormonal tem impacto na coagulação sanguínea, aumentando o risco de trombose. A comunidade científica sempre soube disso. O que mudou agora é que sabemos que a nova geração de pílulas aumenta ainda mais esse risco em função do tipo de hormônio utilizado”, explica Eduardo Zlotinik, ginecologista do hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Surgidas nos anos 90, os anticoncepcionais mais recentes diferem dos antigos no tipo e na quantidade de hormônios utilizados. Em sua formulação, há a combinação de dois compostos: o estrogênio e a progesterona. Com isso, reduziu-se a dose hormonal e também o número de efeitos adversos. O que se revelou, no entanto, foi que os hormônios utilizados podem causar riscos em algumas mulheres. Segundo o levantamento britânico, o perigo é maior nas pílulas que tenham composição com drospirenona, o desogestrel, o gestodeno e a ciproterona.

A pesquisa atual traçou uma relação entre o uso de contraceptivos orais e os casos de trombose observados em mulheres com idades entre 15 e 49 anos. De acordo com os resultados, aquelas que tomaram as pílulas mais modernas – da terceira e quarta geração – corriam um risco duplicado em relação às mulheres que utilizavam as pílulas mais antigas. A comparação com quem nunca tomou a pílula mostrou uma probabilidade quatro vezes maior.

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Sabe-se que o hormônio da pílula interfere no sistema circulatório da mulher de diversas formas. O composto aumenta a dilatação dos vasos, a viscosidade do sangue e, consequentemente, a coagulação. Com essas alterações, é possível que sejam formados coágulos nas veias profundas, localizadas no interior dos músculos. Em geral, os coágulos se formam nas pernas, mas podem se alojar nos pulmões, formando um bloqueio potencialmente fatal, ou ainda se mover para o cérebro, provocando um acidente vascular cerebral (AVC).

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Apesar do novo estudo, os especialistas consultados pelo site de VEJA alertam: nem todas as pacientes estão em risco. Diz Julio Cesar de Oliveira, cirurgião vascular e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro: “Assim como qualquer medicamento, seu uso é seguro desde que ela seja bem indicada. Antes de prescrever o remédio, o ginecologista precisa analisar o histórico do paciente para ver se não existe alguma e contraindicação”. Mulheres que sofrem de enxaqueca, fumam e têm histórico de trombose na família, possuem um risco 20 vezes maior de ter um acidente vascular cerebral. Ou seja, no caso delas, nada de pílula moderna. Outros fatores também devem ser considerados: histórico de câncer de mama ou no fígado, presença de mutações genéticas que aumentam o risco de trombose, hipertensão e diabetes.

A anticoncepção tem a finalidade de impedir uma gravidez indesejada durante uma relação sexual. Por isso, a escolha do método contraceptivo deve ser individualizada e decidida pela paciente em conjunto com um ginecologista. Os métodos contraceptivos hormonais ainda são os mais utilizados no Brasil e podem ser encontrados em diferentes apresentações: oral, injetável, adesivo e implante – que agem impedindo a ovulação – ou o dispositivo intrauterino (DIU), com ação hormonal local. “Como a dosagem hormonal é baixa, este DIU pode ser utilizado por pacientes com alguma contraindicação para uso hormonal e até mesmo com trombofilia. Além disso, ao contrário da pílula e de outros métodos hormonais, o DIU de progesterona não é um método antiovulatório e, por isso não interfere, na libido”, explica Rita Dardes, ginecologista e professora da Universidade de São Paulo. Estima-se que 25% das brasileiras utilizem anticoncepcionais por via oral, enquanto 30% das mulheres em idade reprodutiva optam pela laqueadura.

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