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Parecer de Gurgel derruba tese de José Dirceu

Ministro da Casa Civil do governo Lula sempre disse não haver provas contra ele. Agora, colocado em seu lugar, ataca "interesses conservadores"

Por Gabriel Castro
8 jul 2011, 15h58

“José Dirceu foi o mentor do esquema ilícito de compra de votos e, como líder do grupo, determinou as ações necessárias à consecução do objetivo que justificou a união de todos os agentes”

Roberto Gurgel, procurador-geral da República

As alegações finais do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre o mensalão, encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgadas nesta sexta-feira, desmontam o discurso do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Ele era, sim, o chefe da quadrilha.

Roberto Gurgel pediu nesta quinta-feira ao STF a condenação de 36 réus envolvidos no esquema do mensalão. O Supremo deverá estabelecer um prazo para que os advogados dos réus apresentem suas defesas finais. O encaminhamento da votação ainda depende de um pedido para que o processo seja incluído na pauta de julgamentos, ação que caberá ao ministro Joaquim Barbosa, relator do processo.

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O petista, ex-homem forte do governo Lula, que sempre usou de certa arrogância para alegar inocência, teve de baixar o tom depois que o parecer veio à tona.

“Quem lê o processo vê que não há nenhuma acusação contra mim”, respondeu ele a Augusto Nunes, colunista do site de VEJA, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nove meses atrás. Durante muitos anos, José Dirceu sustentava a tese de que não havia provas contra ele. Mas há. “As provas coligidas no curso do inquérito e da instrução criminal comprovaram, sem sombra de dúvida, que José Dirceu agiu sempre no comando das ações dos demais integrantes dos núcleos político e operacional do grupo criminoso. Era, enfim, o chefe da quadrilha”, relata o procurador-geral.

O texto não deixa dúvidas. O que fazia Dirceu, nas palavras do chefe do Ministério Público Federal: “Foi o mentor do esquema ilícito de compra de votos e, como líder do grupo, determinou as ações necessárias à consecução do objetivo que justificou a união de todos os agentes, seja no que dizia respeito às negociações travadas com os parlamentares e líderes partidários, seja na obtenção dos recursos necessários ao cumprimento dos acordos firmados. Exercia notória ascendência sobre os demais agentes, especialmente os dirigentes do Partido dos Trabalhadores que integravam a sua corrente política”.

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“São meras ilações extraídas de sua interpretação peculiar sobre minha biografia”, justifica agora o petista – que, em texto publicado nesta sexta-feira em seu blog, atribui as acusações, claro, a perseguição política dos “interesses conservadores” – embora não se possa chamar de conservador o procurador Roberto Gurgel, nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defensor, por exemplo, da não-extradição do terrorista Cesare Battisti.

Coordenação – Roberto Gurgel deixa claro como Dirceu, que tanto no partido quanto no governo era a figura mais importante depois de Lula, comandou um intrincado esquema de compra de apoio parlamentar. O mensalão está no DNA do PT. “Provou-se que o acusado, para articular o apoio parlamentar às ações do governo, associou-se aos dirigentes do seu partido e a empresários do setor de publicidade e financeiro a corromper parlamentares”, diz Gurgel sobre Dirceu e suas relações com integrantes do partido e empresários.

Mais do que um esquema alternativo e subterrâneo, o mensalão foi a aplicação de um modus operandi claro, organizado e que contava não só com a chancela, mas com a coordenação de um homem que era, ao mesmo tempo, integrante da cúpula do PT e do governo.

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