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Lupi se desculpa: ‘Dilma, eu te amo’

Ministro faloiu nesta quinta-feira aos integrantes de comissão da Câmara. VEJA mostrou cobrança de propina dentro da pasta comandada pelo PDT

Por Gabriel Castro
10 nov 2011, 10h16

Depois de dizer que só sairia do cargo “abatido a bala”, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pediu desculpas à presidente Dilma Rousseff. Em depoimento à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, nesta quinta-feira, ele recuou para tentar se manter no cargo – mas cometeu um novo excesso ao tentar agradar a chefe: “Eu gosto de fazer o debate, às vezes exagero”, afirmou. “Peço desculpas públicas. Presidente Dilma, me desculpe, eu te amo”.

O pedetista também garantiu ter aumentado o rigor sobre repasses a organizações não-governamentais (ONGs) e tentou se descolar das graves revelações feitas por VEJA a respeito da cobrança de propina dentro da pasta: “Se alguém fez algo no Ministério do Trabalho é individual e que pague”, disse. O problema é que os desvios eram operados por assessores diretos do ministro – ou seja: na melhor das hipóteses, Lupi não controla nem mesmo os subordinados próximos, o que seria sua obrigação.

Apesar de admitir que pode ter havido irregularidades “na ponta”, Lupi garantiu que o PDT nada tem a ver com os desvios: “Corrupção dentro do Ministério do Trabalho, do meu partido, não há. Eu afirmo: não há”, declarou. Ele se disse vítima de uma campanha organizada: “Incomoda a muita gente um jornaleiro chegar aonde chegou”, afirmou.

Lupi, que falou durante quatro horas, abusou dos auto-elogios, disse que “adora” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tentou ainda desqualificar os autores da denúncia: “Duas vozes são de entidades que não receberam dinheiro porque tiveram o pagamento cortado”, relatou. O ministro fingiu desconhecer que isso apenas confirma o relato de VEJA, já que o ministério apontava irregularidades para depois cobrar propina para regularizar a situação das ONGs.

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) sugeriu que o ministro se afastasse do cargo: “Não pode pairar sobre a gestão de Vossa Excelência qualquer dúvida”, observou. “A honra de Vossa Excelência é maior do que o cargo”. Já o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), criticou a postura do ministro: “Ele fala muito e responde pouco. É um fanfarrão”, classificou.

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Defesa – Lupi afirmou nesta terça-feira que, se houve desvio de recursos em sua pasta, como mostrou a reportagem de VEJA, eles foram feitos “em nome pessoal”. Tentando se segurar no cargo, o pedetista garantiu ter apoio de seu partido e disse que não cogita deixar o cargo – nem temporariamente. Em entrevista concedida nesta terça-feira em Brasília, Lupi declarou: “Para me retirar, só abatido a bala”.

Propina – Conforme relatos de diretores de ONGs, parlamentares e servidores públicos, o esquema no Ministério do Trabalho funciona assim: primeiro o ministério contrata entidades para dar cursos de capacitação profissional e, depois, assessores exigem propina de 5% a 15% para resolver ‘pendências’ que eles mesmos criam.

O Instituto Êpa, sediado no Rio Grande do Norte, foi um dos alvos do achaque. Depois de receber, em dezembro de 2010, a segunda parcela de um convênio para a qualificação de trabalhadores no Vale do Açu, a entidade entrou na mira dos dirigentes do PDT. O ministério determinou três fiscalizações e ordenou que não fosse feito mais nenhum repasse à ONG. Ao tentar resolver o problema, os diretores do instituto receberam o recado: poderiam regularizar rapidamente a situação da entidade pagando propina.

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