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Encontro marcado no Rio

Em contagem regressiva para a Rio+20, cidade prepara centros de convenção, áreas turísticas e até favelas para receber 50 mil participantes da conferência

Por Luís Bulcão, do Rio de Janeiro
18 mar 2012, 15h17

As atividades começam simultaneamente no dia 13 de junho. O Riocentro vai abrigar as rodadas de negociações entre diplomatas para a adoção da declaração final da conferência. Lá, estará em jogo boa parte do sucesso ou fracasso da Rio+20

É cedo para dizer se a maioria dos 150 chefes de estado aguardados pelo Itamaraty para a Rio+20 vão de fato desembarcar na cidade. Mas a julgar pelos preparativos do evento, grande parte da movimentação e da visibilidade mundial dedicada ao Brasil estão prestes a reeditar o frisson de 20 anos atrás, quando a ECO-92 transformou o Rio em capital do mundo. Além da cúpula que vai discutir o futuro do desenvolvimento sustentável, estão a caminho debates, exposições, encontros e (muitas) manifestações promovidas pelas mais diversas entidades. Sem falar na fila de celebridades internacionais que devem passar pela cidade para apoiar causas que vão da defesa do meio ambiente à ajuda aos países pobres.

A perspectiva é de que 50 mil pessoas cheguem somente para as atividades da ONU no Riocentro, mas um número ainda não estimado pelas autoridades é esperado para participar dos eventos paralelos. Com uma verba de 200,1 milhões do orçamento de 430 milhões de reais liberados em dezembro para a Rio+20 – o restante do orçamento é repartido entre os Ministérios da Justiça (48 milhões de reais), Ministério do Meio Ambiente (15,8 milhões), Ministério da Defesa (157,1 milhões) e Presidência (9 milhões) – o ministro Laudemar Aguiar é encarregado de chefiar a comissão que prepara a logística daquela que pretende ser a maior conferência da história. “É assim (como a maior conferência da história) que a ONU está tratando a Rio+20. E é com esse perspectiva que trabalhamos. Claro que esperamos que todos os principais convidados compareçam. Mas a grandeza é também pelo tema. Temos um processo que vem desde Estocolmo, passa pela Rio 92 e chega à Rio+20. É um novo caminho que vai ser aberto”, afirma Aguiar.

Se a presença de líderes como Barack Obama (EUA), Yoshihiko Noda (Japão), Mario Monti (Itália) e Vladmir Putin (Russia) ainda é incerta, o mesmo não se pode dizer da massa de ambientalistas e integrantes de organismos internacionais a caminho do Rio. Tanto que, para quem está pensando em participar da conferência, o momento agora é de garantir acomodação, pois praticamente não há mais vagas disponíveis na rede hoteleira. Aguiar afirma que a organização reservou metade dos quartos disponíveis para as delegações oficiais, entre governos de países participantes e funcionários da ONU. Mas o restante já foi reservado por membros da sociedade civil. A própria organização da Rio+20 admite estar encontrando dificuldades para acomodar tanta gente. “A rede hoteleira do Rio é limitada. Estamos esperando 50 mil pessoas só entre os credenciados para a cúpula do Riocentro”, afirma Aguiar. O diplomata tentou acionar transatlânticos para ajudar a aumentar a capacidade de hospedagem, mas a alta temporada de cruzeiros até agora impediu deslocamentos.

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No time das celebridades, o ex-exterminador do futuro e governador da Califórnia, Arnold Schwarzeneger, deve marcar presença. O grandalhão ganhou força também na defesa do meio ambiente, e vai promover a R20, sua iniciativa para desenvolver uma parceria entre governos regionais para implementar projetos voltados ao desenvolvimento das economias locais com benefícios ambientais, como redução de emissões de carbono e uso eficiente de energia. Bono Vox, líder da banda U2, é outro ativista do time das celebridades que consta na lista de convidados. Nada confirmado, mas com o líder do U2 por aí, a expectativa passa a ser também a de uma canja surpresa.

O ex-presidente americano Bill Clinton e James Cameron, diretor de Titanic e Avatar, também são aguardados na passarela da Rio+20. A ONU ainda não dá pistas, mas é provável que um time de seus embaixadores vá aterrissar na cidade para apoiar a causa. As possibilidades são muitas, e vão de Angelina Jolie a Lionel Messi, de Gisele Bündchen a George Clooney, de Zinedine Zidane a David Beckham. O governo federal também promete trazer CEOs de grandes empresas e vencedores de Prêmios Nobel para painéis dos Diálogos sobre Sustentabilidade, que ocorrem no Riocentro, entre os dias 16 e 19.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, vai oferecer um jantar de gala para governadores regionais de outros países no Palácio Guanabara. A ideia é promover o Rio como líder. “É uma oportunidade muito grande para o estado se posicionar na liderança do desenvolvimento sustentável. O Rio de Janeiro tem grandes riquezas minerais e naturais e pode ser a capital intelectual dessa nova economia verde e sustentável”, afirma o superintendente de economia verde do estado, Walter Figueiredo de Simoni.

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A diversidade de temas na pauta da Rio+20 também levará à cidade uma lista extensa de organizações não-governamentais. Conhecidos por fazer protestos e demonstrações tão criativas quanto ousadas, o Greenpeace e a World Wide Found for Nature (WWF) já confirmaram presença. O Greenpeace vai trazer seu novo navio, o ‘Rainbow Warrior III’, que ficará aberto para visitação. De acordo com o representante da ONG no Brasil, Nilo D´Ávila, representantes da indústria naval vão ser chamados para conhecer a embarcação, que é construída para ser ‘ecoeficiente’ nos mínimos detalhes. Um exemplo é o uso de água. O barco tem a capacidade de armazenar 59 metros cúbicos de água utilizada para banho e descarga, sem precisar jogá-la no mar. Um sistema especial de filtro biológico ajuda a limpar a água, que volta a ser usada pelos tripulantes. O Greenpeace também planeja montar um acampamento modelo alimentado a energia solar, onde vai ministrar oficinas. Para as ONGs, o ponto alto será a Marcha das ONGs, programada para ocorrer no Aterro do Flamengo.

O navio 'Rainbow Warrior III', estrela da frota do Greenpeace, estará no Rio durante a Rio+20
O navio ‘Rainbow Warrior III’, estrela da frota do Greenpeace, estará no Rio durante a Rio+20 (VEJA)

As favelas do Rio, que desde o início do programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) tornaram-se pontos de visitação, também estarão em evidência. O governo do Estado promoverá visitas e atividades culturais em áreas consideradas pacificadas. As escolhidas são o Complexo do Alemão, Chapéu Mangueira/Babilônia, Pavão-Pavãozinho, Cantagalo, Rocinha, Vidigal e Cidade de Deus.

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Programação – As atividades começam simultaneamente no dia 13 de junho. O Riocentro vai abrigar as rodadas de negociações entre diplomatas para a adoção da declaração final da conferência. Lá, estará em jogo boa parte do sucesso ou fracasso da Rio+20. Dependendo do conteúdo, os líderes mundiais podem decidir se embarcam ou não para o Rio.

De acordo com o economista Sérgio Bessermann, que é coordenador do grupo de trabalho da prefeitura do Rio para a Rio+20, haverá diversos canais para participação popular para quem estiver na cidade. Ele salienta que o envolvimento da sociedade é importante para o êxito da conferência. Mesmo quem não puder vir ao Rio, pode influenciar ações mais ousadas por parte dos governantes através de canais da internet. “Há uma tendência por parte das autoridades envolvidas a se acomodar. Só a pressão da opinião pública pode mudar isso”, defende.

A ONU vai promover também dentro do Riocentro oportunidades de debates entre os chamados Grandes Grupos, que representam a sociedade civil. Mas as principais manifestações populares vão ocorrer na Cúpula dos Povos, que, assim como a conferência da ONU, é uma extensão do Fórum Global, que ocorreu simultaneamente à conferência de 20 anos atrás. Assim como na ECO-92, a cúpula vai aglutinar a maior parte dos movimentos não governamentais. Mais de 30 entidades já confirmaram presença.

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O comitê organizador reservou ainda quatro armazéns do Píer Mauá para abrigar uma feira de inovações tecnológicas. O Autódromo de Jacarepaguá será utilizado para concentração da sociedade civil e para a exposição de empresas. Haverá uma exposição temática no primeiro pavimento do Museu de Arte Moderna. O Espaço Vivo Rio também está reservado para eventos. As representações governamentais vão fazer apresentações nos pavilhões que serão montados no Parque dos Atletas (antiga Cidade do Rock).

Os líderes mundiais só devem começar a chegar a partir do dia 20 de junho, quando as discussões de alto nível têm início, culminando com a adoção do documento final da conferência. A montagem da cúpula no Riocentro está prevista para ter início em abril. Serão construídas 29 salas, com espaços que variam de 50 a 2.200 lugares. De acordo com o ministro Aguiar, tudo está dentro dos prazos. “Claro que queria que estivesse tudo pronto há seis meses. É um período de grandes negociações, de adaptações aos pedidos, mas está tudo controlado”, afirma.

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