Vídeo feito por talibãs mostra libertação de militar americano
Na gravação, militares americanos e talibãs aparecem trocando apertos de mão, e um dos combatentes islâmicos carrega uma bandeira branca
Um vídeo divulgado nesta quarta-feira mostra a libertação, no sábado passado, do militar americano Bowe Bergdahl, que ficou cinco anos como refém dos talibãs, no Afeganistão. Vestido de branco, com um xale listrado envolto em seu ombro e com um aspecto magro, o americano olha para o helicóptero Blackhawk que se aproxima para resgatá-lo. Talibãs armados, um deles com um lançador de granadas, também são vistos nas imagens.
Após o helicóptero aterrissar, Bergdahl é conduzido por dois homens até a aeronave, um dos deles carrega uma bandeira branca. Em um momento incomum entre militares americanos e talibãs, eles se cumprimentam e apertam as mãos. Segundo o Talibã, o vídeo foi gravado na província de Khost, no leste do Afeganistão. Na gravação original, de 17 minutos, é possível ouvir um narrador. “Reunimo-nos com anciãos tribais para construir a confiança entre nós e o outro lado”, diz a voz no vídeo. “Dissemos a eles que tínhamos avisado todos os nossos combatentes na província de Khost e, especialmente na área Batai, para não atacá-los”, prossegue a voz, de acordo com uma tradução feita pela rede americana CNN.
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Em outro trecho da gravação, os membros do Talibã começam a cantar: “Viva os Mujahideen do Afeganistão, viva o mulá Omar, líder do Talibã”. Mujahideen refere-se aos combatentes que lutam a jihad, a guerra santa. A voz do narrador também informa que combatentes armados estavam posicionados em toda a área da operação, por precaução. “Esperamos na área por cerca de 10 minutos antes do helicóptero chegar e há dezoito combatentes Mujahideen comigo na área”, diz o narrador. “Nosso acordo era, uma vez que o helicóptero estivesse no chão, três pessoas do outro lado iriam sair da aeronave e três do nosso lado, incluindo o cativo, nos moveríamos em direção ao helicóptero para entregá-lo”, prossegue a narração. O vídeo tem algumas poucas palavras em inglês, e um dos talibãs diz para Bergdahl: “Não volte ao Afeganistão”.
O Pentágono informou nesta quarta que não “há razão para duvidar da autenticidade do vídeo”, confirmando sua veracidade. “Independentemente disso, sabemos que a transferência foi pacífica e bem sucedida, e nosso foco permanece em fornecer ao sargento Bergdahl o cuidado que ele precisa”, disse o porta-voz John Kirby. Bergdahl encontra-se em um hospital militar na Alemanha.
Investigação – O exército dos EUA anunciou nesta terça que fará uma análise “exaustiva” das circunstâncias do sequestro do sargento Bowe Bergdahl, sobre o qual pairam suspeitas de deserção, e atuará segundo as “regulações apropriadas”. O exército revisará o caso em um esforço “total e coordenado”, que incluirá conversas com Bergdahl, para compreender melhor as circunstâncias de seu desaparecimento e cativeiro, declarou o porta-voz do Exército, John McHugh. “Todas as demais decisões serão tomadas a partir de então, e de acordo com as prescrições, as políticas e as práticas adequadas”, indicou em comunicado em resposta às questões que surgiram sobre o desaparecimento do militar.
As circunstâncias do sequestro de Bergdahl são motivo de controvérsia e alguns antigos companheiros denunciaram que o sargento desertou após fazer críticas à guerra do Afeganistão. A libertação aconteceu em troca da soltura de cinco prisioneiros afegãos da prisão da base naval de Guantánamo, em Cuba, o que causou o descontentamento da oposição americana por não ter havido uma consulta no Congresso sobre a operação.
Vídeo: A libertação do sargento Bowe Bergdahl
(Com agência EFE)