Justiça turca manda confiscar revista e prender editores
As prisões acontecem dois dias depois das eleições gerais, vencidas pelo partido islamita AKP, do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan
Um tribunal da Turquia decretou nesta terça-feira a prisão preventiva de dois editores de uma revista turca crítica do governo sob a acusação de “conspiração para dar um golpe de Estado” e “tentativa de derrubar o governo”. O editor da revista Nokta, Cevheri Güven, e o chefe de redação, Murat Çapan, foram detidos em Istambul, e a edição completa da revista foi confiscada pela polícia, por ordem judicial.
O aparente motivo foi a capa da publicação, que mostrava uma folha de calendário com a data 2 de novembro impressa sobre um retrato do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e a frase: “Início da guerra civil na Turquia”.
Em sua defesa perante o juiz, Güven afirmou que o título fazia referência ao caos e à violência, com centenas de civis mortos no país desde junho, mas que em nenhum caso deveria ser interpretado como uma convocação à guerra.
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A Justiça turca também ordenou a prisão de 57 pessoas supostamente associadas a Fethullah Gülen, um religioso turco exilado nos Estados Unidos acusado de tentar derrubar Erdogan. Elas seriam integrantes do “grupo terrorista Gülenista”, de acordo com o Ministério Público da Turquia.
As prisões acontecem dois dias depois das eleições gerais, vencidas pelo partido islamita AKP, de Erdogan, com maioria absoluta.
Uma missão de observadores da OSCE certificou a transparência da apuração de votos, mas considerou a campanha eleitoral injusta pelos sérios impedimentos que o governo impôs à imprensa da oposição, como a intervenção judicial da empresa Koza Ipek e mudança da linha editorial de dois canais de televisão e dois jornais.
O primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, prometeu após a vitória eleitoral que não se afastaria “nem um passo da lei e da democracia” e protegeria os direitos de todos os cidadãos, o que a oposição duvida que será cumprido.
(Com EFE)