Rússia não descarta possibilidade de usar armamento nuclear, diz porta-voz
Em entrevista à rede CNN, Dmitry Peskov disse que a chance existe em caso de 'ameaça existencial' ao país
O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, admitiu nesta terça-feira, 22, que a Rússia ainda não conquistou nenhum de seus objetivos militares na Ucrânia e não descartou a possibilidade de que Moscou possa recorrer a armas nucleares em algum momento em caso de uma “ameaça existencial”.
Em entrevista à rede CNN, Peskov foi perguntado em que ocasiões o presidente russo, Vladimir Putin, usaria armamento nuclear. Em resposta, ele afirmou que, “se há uma ameaça existencial à Rússia, então existe a possibilidade”.
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A fala se dá em meio às acusações ocidentais, sem evidências concretas, de que forças russas consideram usar armas químicas e biológicas na guerra.
Em 27 de fevereiro, pouco depois da invasão à Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, Putin chegou a ordenar aos seus chefes militares que colocassem o sistema de armas nucleares em estado de alerta máximo. Segundo o presidente, para além das sanções econômicas anunciadas recentemente, aliados da Ucrânia na Otan têm dado “declarações agressivas” contra o seu país.
Em outro momento da conversa nesta terça-feira, Peskov afirmou que a invasão à Ucrânia está “seguindo estritamente de acordo com os planos e os propósitos que foram estabelecidos anteriormente”, e que Putin sabe que ainda não conquistou nenhum objetivo no território ucraniano.
A declaração vai contra afirmações feitas nesta terça-feira pelo Ministério da Defesa da Ucrânia, que disse que o estoque de suprimentos das tropas da Rússia está próximo de acabar. “De acordo com as informações disponíveis, as forças de ocupação russas que operam na Ucrânia têm estoques de munição e alimentos para não mais de três dias”, afirmou em comunicado no Facebook.
Na última segunda-feira, o Kremlin já havia reconhecido que conversas de paz entre Rússia e Ucrânia ainda não renderam progressos significativos. Dentro da situação atual, segundo Peskov, ainda não há uma base para uma possível reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho, que teve início em 24 de fevereiro, foram explicitadas recentemente quando Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militares na Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.
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Moscou chama sua incursão de “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e desalojar líderes que chama de “neonazistas”. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que se trata de um pretexto para uma guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.