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Apesar de metas da COP26, mundo segue para aquecimento de 2,4°C

Valor ultrapassa limite de 2°C que planeta precisa estar 'bem abaixo' sob Acordo de Paris e o limite de 1,5°C almejado nas negociações da cúpula

Por Da Redação Atualizado em 10 nov 2021, 10h57 - Publicado em 9 nov 2021, 12h55

Apesar de variados compromissos governamentais para cortes de emissões de carbono na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, o mundo está no caminho de níveis desastrosos de aquecimento global, ultrapassando os limites do acordo climático de Paris.

Segundo uma pesquisa apresentada nesta terça-feira, 9, em Glasgow, onde a cúpula está acontecendo, o aumento de temperatura irá ultrapassar 2,4 graus Celsius, com base nos objetivos de curto prazo estabelecidos pelos países. O valor ultrapassa o limite de 2 graus que o Acordo de Paris afirma que o mundo precisa estar “bem abaixo”, e o limite de 1,5 grau almejado nas negociações da COP26.

O objetivo principal da cúpula, que se encerra nesta semana, é elaborar um acordo, entre outros pontos, para elevar a ambição pela redução das emissões de carbono e garantir transferências financeiras dos países ricos para nações em desenvolvimento. No entanto, segundo o Climate Action Tracker, uma coalizão de análise climática, a COP26 possui um “vácuo gigantesco entre credibilidade, ação e comprometimento”.

Quando as políticas de fato dos governos são analisadas, ao invés de promessas, o aquecimento projetado para o mundo em 2100 é de 2,7 graus, segundo o grupo, formado por organizações como o Instituto Potsdam para Pesquisas de Impacto Climático, na Alemanha.

“Estamos preocupados que alguns países tentam retratar como se o limite de 1,5 grau estivesse perto. Mas não, estamos muito longe disso, e eles estão minimizando a necessidade de ter metas de curto prazo para 2030 em linha com 1,5 grau”, ressalta Bill Hare, chefe-executivo da Climate Analytics, uma das organizações por trás da coalizão, ao jornal britânico Guardian.

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Em 2030, as emissões de gases causadores do efeito estufa serão duas vezes mais altas que o necessário para manter o aumento de temperatura baixo de 1,5 grau, ressalta o relatório.

“Este é um relatório devastador que, em qualquer mundo são, faria com que governos em Glasgow colocassem suas diferenças imediatamente de lado e trabalhassem com vigor para um acordo para salvar nosso futuro comum”, afirmou Jennifer Morgan, diretora-executiva da Greenpeace International.

Ainda que o panorama seja negativo, houve de fato uma melhora desde 2015, durante a cúpula climática de Paris. Na época, a Climate Action Tracker estimou que as políticas em vigor colocaria o planeta em curso para um aquecimento de 3,6 graus.

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Para a coalizão, governos não se aproveitaram do momento para limitar cortes de emissões, fazendo com que o progresso tenha sido cessado.

Poucos dias antes do início da COP, a ONU alertou que os compromissos atuais dos países para cortar emissões de gases causadores do efeito estufa deixam o planeta no caminho de um “catastrófico” aumento da temperatura do planeta em 2,7 graus Celsius. 

“Para ter a chance de limitar o aquecimento global a 1,5 grau, temos oito anos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa quase pela metade. O relógio está correndo ruidosamente”, enfatizou a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen, após a divulgação do relatório “Emissions Gap Report”. 

Para atingir o objetivo de minimizar os danos, e limitar o aumento da temperatura neste século para os patamares desejados, o relatório afirma que seria necessária uma redução anual adicional, acima dos compromissos atuais, de 28 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente, medida usada para quantificar a massa dos gases de efeito estufa a partir do potencial de aquecimento. O relatório, no entanto, estima que, na taxa atual, as emissões globais serão de 60 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente.

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Em relatório publicado em agosto, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU indicou que o aquecimento global está avançando mais rapidamente do que o esperado e que a atividade humana está alterando o clima do planeta de maneiras “sem precedentes”. Além disso,  algumas das mudanças já se tornaram “irreversíveis”.

Segundo o IPCC, os picos de temperatura passarão a ser mais frequentes conforme o planeta fica mais quente. Não existem mais dúvidas de que a humanidade é a responsável pelo avanço do aquecimento global. Para os cientistas, a questão não é mais se a temperatura poderá ou não subir, mas sim quanto.

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