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Roberto Carlos aos 80: pose relaxada e promessa de abrir vida em filme

Últimas aparições passam imagem de que cantor anda mais descontraído, mas é engano achar que ele deixou suas manias e a obsessão em controlar tudo

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 abr 2021, 10h45 - Publicado em 19 abr 2021, 10h02
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  • Roberto Carlos completa 80 anos nesta segunda-feira, 19, exibindo sinais que levam muitos fãs a especular: na maturidade, estaria o cantor enfim tornando-se um cara mais relaxado? Conhecido por ser um controlador dos mínimos detalhes em sua carreira, Roberto demonstrou descontração em plena pandemia ao embarcar de peito aberto, em 2020, na onda das lives – um formato livre, leve e solto que contrasta com a previsibilidade calculada de seus shows e especiais. Além de fazer duas divertidas delas em um estúdio, recentemente deixou-se fotografar tomando a vacina da Covid-19 em um drive-thru, e fez declarações em defesa da imunização e do valor da ciência no combate ao vírus. A imagem de homem sereno e cioso de sua saúde se distancia, ironicamente, do Roberto folclórico às voltas com seu assumido T.O.C. (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), e as mil manias advindas daí. Às vésperas do aniversário, o cantor anunciou também um projeto de filme sobre a sua vida, com direção de Breno Silveira – no qual, vejam só, promete abordar fatos de sua biografia que nunca expôs e que pode, inclusive, se transformar em um livro autobiográfico. 

    Engana-se, no entanto, quem vê nessas notícias o advento de um novo Roberto Carlos. Aos 80, ele continua sendo o velho e bom Roberto de sempre. Basta olhar abaixo da superfície para perceber que não, ele não abriu mão das manias. Ele mergulhou nas lives, sim. Mas, para tanto, adotou protocolos peculiares contra a Covid-19 no estúdio (os profissionais de apoio que o digam). E vacinar-se com tanto entusiasmo, vamos combinar, para além de ser um ótimo exemplo como figura pública, é perfeitamente condizente com quem se preocupa de forma obsessiva com  higiene e saúde.

    No que diz respeito ao futuro filme sobre sua vida, cujas gravações começam no ano que vem, o controle sobre o conteúdo também está em suas mãos, em última instância. A VEJA, o diretor Breno Silveira contou que o cantor monitora pessoalmente o roteiro – ou seja, é uma cinebiografia autorizadíssima. “Ele me convidou para o projeto e foi uma emoção, uma honra, pois sou muito fã dele. Nelson Motta e Patrícia Andrade também vão assinar o roteiro que Roberto e eu estamos trabalhando há mais de dois anos. Ele quer falar, quer contar a própria história. Vamos começar a filmar no começo do ano que vem, quando todo mundo estiver vacinado”, diz o diretor. Para a produção do filme, Roberto gravou diversos áudios contando a sua história. O material ficou tão completo que deverá ser transcrito para um livro autobiográfico.

    Silveira garante, ainda, que o cantor não deverá esconder nada no filme. O diretor não confirmou se temas-tabus da vida do artista serão mostrados. Incluem-se na lista o acidente com um trem na infância, que levou à amputação de uma de suas pernas, e o drama da morte de sua mulher, Maria Rita – episódios muito bem iluminados no livro Roberto Carlos em Detalhes (2015), de Paulo César Araújo, que foi tirado de circulação graças a uma ação judicial do cantor, mas liberado num julgamento histórico do STF que pôs fim à censura às biografias no país. Uma triste mancha na trajetória de Roberto. É esperar para ver o que realmente será mostrado no filme. 

    É fato, por fim, que Roberto Carlos sempre se permitiu, de tempos em tempos, buscar alguma descontração para tornar mais leve sua imagem e se renovar. Quando completou 50 anos de carreira, em 2009, as celebrações tiveram shows só com mulheres cantando suas músicas, além de outro apenas com artistas sertanejos. Fez também uma exposição sobre sua vida, na Oca, em São Paulo. Alguns anos depois, em um de seus indefectíveis especiais de fim de ano, fez dueto com Anitta e, recentemente, não descartou uma parceria com a drag queen Pabllo Vittar.

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    O resumo da ópera é que Roberto Carlos sabe ser soltinho – desde que seja a seu modo. Aos 80, isso não vai mudar.

    *Com reportagem de Raquel Carneiro

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