Risco de novos sangramentos após embolização é inferior a 5%, diz médico de Lula
Presidente foi submetido a intervenção na manhã desta quinta-feira e se recupera bem; alta deve ocorrer na próxima semana
Com a embolização de artéria meníngea média realizada no presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta quinta-feira, 12, o risco de novos sangramentos intracranianos é inferior a 5%, de acordo com o médico neurologista do Sírio-Libanês Rogério Tuma, que acompanha o mandatário que está internado deste a madrugada da última terça-feira, 10, quando ele foi submetido a uma cirurgia de emergência para drenar um hematoma que comprimia o cérebro.
O objetivo do procedimento, que foi realizado com sucesso, é interromper o fluxo de sangue para a região onde estava o hematoma. “A gente injeta como uma gelatina, são partículas que entopem esse vaso. A artéria mede em torno de 1 mm e a gente entope a artéria com um componente químico”, explicou, em coletiva nesta manhã, José Guilherme Caldas, radiologista vascular do Sírio-Libanês que realizou a intervenção.
Segundo Tuma, uma cápsula vascularizada se formou em torno do hematoma e a embolização foi feita nas artérias que nutrem essa estrutura, reduzindo a possibilidade de sangramentos no futuro.
“O risco, com todo o procedimento, está em menos de 5%. Aparentemente, todas as folhas da meninge estão cicatrizadas.”
A artéria meníngea média irriga dois terços da membrana dura-máter, a camada mais espessa e externa que recobre o sistema nervoso central. O hematoma detectado em Lula estava entre esta membrana e o cérebro.
Segundo a equipe médica, a intervenção não deve interferir na alta hospitalar, prevista para a próxima semana. O dreno colocado na cirurgia da última terça para saída de eventuais secreções ainda não foi retirado, mas isso pode ser feito ainda hoje. Segundo o médico do presidente, Roberto Kalil Filho, Lula está conversando, se alimentando, já se senta, faz fisioterapia e anda, mas permanece na UTI.
Bom prognóstico
Neurointervencionista do Hospital Moriah, João Miguel explica que a embolização de artéria meníngea média faz parte da prática médica em episódios de hematoma subdural e também em pacientes com a idade mais avançada.
“É um procedimento endovascular, no qual inserimos um cateter com uma espécie de uma cola para ocluir os vasos”, explica. Segundo ele, os resultados para evitar novas hemorragias são positivos. “Quando tem uma boa drenagem e uma boa embolização, a chance de recorrência menor que 5%. Temos um bom prognóstico.”
Essa nova intervenção não deve impactar a alta médica e, de acordo com Miguel, também não deve interferir nas atividades do presidente. “Por si só, ela não vai retardar o retorno ao trabalho.”
Queda no banheiro e cirurgia
Na última terça-feira, Lula foi submetido a uma trepanação, pequena perfuração no crânio, para drenagem de um hematoma de três centímetros decorrente de uma hemorragia intracraniana relacionada à queda que o mandatário sofreu no banheiro em 19 de outubro.
Na ocasião, o presidente estava sentado em um banco e caiu para trás. Ele bateu a cabeça e teve um corte na região da nuca. Exames de imagem constataram dois pequenos pontos de sangramento nas regiões temporal e frontal do cérebro.
Isso é normal em pancadas de forte impacto na cabeça, porque o órgão fica solto na calota craniana e acaba se movimentando para frente e para trás. Ao bater nos ossos, ocorrem microtraumas que resultam em sangramento. Ele não chegou a desmaiar ou apresentar sintomas que indicassem que a consciência foi afetada.