Servidores da Anvisa rebatem críticas à atuação da agência na pandemia
Líder do governo na Câmara defendeu que a Anvisa fosse 'enquadrada' por supostamente fazer 'um monte de exigências' para a aprovação de vacinas no país
A Associação dos Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Univisa) rebateu neste sábado, 6, críticas do mundo político contra uma suposta inoperância do órgão regulador durante a pandemia e condenou a aprovação de uma medida provisória no Senado que fixou em cinco dias o prazo para que a entidade autorize vacinas anti-Covid que já tenham obtido aval de agências no exterior.
O diretor-presidente da Anvisa Antônio Barra Torres também havia manifestado indignação nos últimos dias com a fixação do prazo exíguo para a avaliação de imunizantes e disse que recomendaria ao presidente Jair Bolsonaro o veto da medida.
A manifestação da Univisa ocorre no momento em que o líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (Progressistas-PR), subiu o tom contra a agência e defendeu que a Anvisa fosse “enquadrada” por supostamente fazer “um monte de exigências” para a aprovação de vacinas no país.
“Eu vou tomar providências, vou agir contra a falta de percepção da Anvisa sobre o momento de emergência que nós vivemos. O problema não está na Saúde, está na Anvisa. Nós vamos enquadrar”, disse Barros. Conforme mostrou VEJA, após a vitória do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) para o comando da Câmara, o Centrão pressiona para ser contemplado com pelo menos três ministérios. Os planos incluem colocar o próprio Ricardo Barros como chefe do Ministério da Saúde em substituição ao general Eduardo Pazuello.
Em nota, a Univisa disse que sugestões de aperfeiçoamento do órgão regulador são bem-vindas, mas afirmou que “no exato momento em que os servidores da Agência realizam a avaliação para a autorização emergencial de uso de vacinas mais rápida dentre as agências reguladoras internacionais, recebem críticas inadequadas, decorrentes, talvez, da má interpretação de suas ações”.
Sem citar nominalmente o deputado Ricardo Barros, a entidade afirma que declarações do mundo político “refletem desconhecimento do escopo e da abrangência das atividades da Anvisa, passando à população, a falsa impressão de que as dificuldades encontradas neste momento se devem à inoperância da agência”.