Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

‘Homem da mala’ convidou Lava Jato para se reunir com Temer

Procurador disse que Rodrigo Rocha Loures chamou a força-tarefa de Curitiba para se encontrar com o presidente no dia do impeachment de Dilma Rousseff

Por Eduardo Gonçalves
Atualizado em 14 ago 2017, 16h28 - Publicado em 14 ago 2017, 12h09
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em maio do ano passado, quando o Senado estava prestes a tornar a então presidente Dilma Rousseff (PT) ré por crime de responsabilidade, afastando-a do cargo, o então vice-presidente Michel Temer (PMDB) enviou um interlocutor para chamar integrantes da força-tarefa da Lava Jato para um encontro. O emissário era o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que foi a uma premiação da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), em Brasília, para fazer o convite diretamente aos Deltan Dallagnol e Roberson Pozzobon, que compõem o núcleo duro da operação em Curitiba com Carlos Fernando Lima. O convite foi recusado, mas os procuradores aproveitaram o momento para pedir a manutenção da equipe da PF que conduzia a Lava Jato.

    Publicidade

    A proposta de encontro foi lembrada nesta segunda-feira pelo procurador Lima ao ser questionado sobre o que achou de Raquel Dodge, a nova procuradora-geral da República , ter se reunido com Temer no Palácio do Jaburu, às 22 horas do último dia 8. A audiência não constava na agenda oficial da Presidência e ocorreu justamente no mesmo dia em que o peemedebista pediu a suspeição de Rodrigo Janot, atual procurador-geral, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

    Publicidade

    “Nós acreditamos que não era conveniente [ir ao encontro], porque naquele momento não havia porque conversar com o eventual presidente. Nós acreditávamos que esse tipo de reunião naquele momento não teria uma repercussão positiva para a Lava Jato”, disse ele, após participar de um evento sobre compliance na Câmara Americana de Comércio (Amcham), na Zona Sul de São Paulo.

    O procurador  afirmou que não cabe a ele se pronunciar sobre o caso de Dodge, mas comentou não ser ideal encontros de servidores públicos fora da agenda. “Posso falar por nós. Tivemos uma situação semelhante e nos recusamos a comparecer”, afirmou. Segundo Lima, a nova procuradora-geral “será cobrada pelas consequências” da reunião com Temer. “Não há como fugir da responsabilização perante a sociedade.”

    Publicidade

    Um dos assessores mais próximos do presidente, Rocha Loures ficou conhecido como o “homem da mala”. O ex-deputado, que chegou a ser preso, foi flagrado em abril correndo por uma rua dos Jardins, em São Paulo, carregando uma mala estufada de propinas da JBS —  10.000 notas de 50 reais, somando 500.000 reais em dinheiro vivo. O dinheiro foi entregue pelo diretor da JBS Ricardo Saud como suposto pretexto para resolver um problema da empresa no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), numa ação controlada da PF. 

    O flagra serviu de base para a denúncia por corrupção passiva que a PGR apresentou contra Temer — e que a Câmara dos Deputados decidiu não enviar ao STF. Segundo Janot, 0 ex-deputado era “um verdadeiro longa manus de Temer” — definição para executor de crime ordenado pelo topo de uma organização criminosa. Como a Câmara rejeitou dar prosseguimento ao processo envolvendo o presidente, a acusação contra Loures “desceu” para a primeira instância.

    Publicidade
    Rodrigo Rocha Loures após delações da JBS
    Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) chegou a ser preso por seu envolvimento no escândalo da JBS (Bruno Santos/Folhapress)

    Dodge se defende

    Neste domingo, a PGR divulgou uma nota dizendo que o encontro estava registrado na agenda de Dodge, apesar de não aparecer na de Temer, e que ele foi motivado por “fatos institucionais”. Segundo o texto, Dodge queria falar ao presidente sobre a necessidade de a sua posse acontecer antes de ele viajar aos Estados Unidos para a abertura da Assembleia-Geral da ONU. O Ministério Público Federal ficaria nesse período sem um titular — daí a necessidade de empossá-la antes.

    Continua após a publicidade

    A nota também diz que Dodge “fez ver” a Temer “ser próprio e constitucionalmente adequado” que a cerimônia da posse fosse sediada na PGR – o Palácio do Planalto chegou a ser cogitado.

    Publicidade

    Dodge também enviou a Janot um ofício para explicar os motivos do encontro, realizado horas após a defesa de Temer pedir ao STF o afastamento do  procurador-geral do comando das investigações que envolvem o peemedebista. O presidente argumentou, por meio de seus advogados, que sofre perseguição de Janot por motivo de inimizade. Lima criticou o pedido e disse acreditar que o STF vai rejeitá-lo por “não ter nenhum fundamento”.

    Lava Jato

    Apesar das considerações, o procurador disse não acreditar que a Lava Jato será impactada pela troca no comando do Ministério Público Federal (MPF). Ele recordou que a força-tarefa de Curitiba também teve alguns problemas com Janot, que Dodge tem “um histórico muito forte na área criminal” e uma equipe “excelente” que atuou no caso do mensalão.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Como substituta de Janot, Dodge terá a missão de chefiar as investigações da PGR, o que inclui a Lava Jato em Brasília. Ela foi escolhida por Temer com base em uma lista tríplice (foi a segunda mais votada por parte de membros do MP) e aprovada  pelo plenário do Senado.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.