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Bin Laden era chefe e ‘diretor de RH’ da Al Qaeda, mostram documentos

Documentos revelados pela CIA mostram que o terrorista, como um diretor de recursos humanos, preocupava-se muito com a estruturação de sua rede internacional criminosa

Por Da Redação
20 Maio 2015, 13h12

“Por favor, preencha a informação solicitada com honestidade e exatidão. Escreva de forma clara e legível. Nome, idade, estado civil. Deseja realizar uma operação suicida?”. O formulário para se alistar na Al Qaeda se assemelha no início ao de qualquer empresa, mas as perguntas assumem um viés chocante: “Quem devemos contatar caso você se torne um mártir?”. O formulário ‘Comitê de Segurança, Organização Al Qaeda’ faz parte de um conjunto de documentos apreendidos pelos comandos americanos em 2 de maio de 2011, quando invadiram o esconderijo de Osama bin Laden na cidade paquistanesa de Abbottabad e mataram o homem mais procurado por Washington.

A Agência Central de Inteligência americana (CIA, na sigla em inglês) desclassificou (retirou a classificação de ‘secretos’) nesta quarta-feira o formulário de recrutamento da Al-Qaeda e uma centena de outros documentos do arquivo de Bin Laden, o que permite conhecer um pouco mais de suas ações nos últimos anos. Grande parte do material traduzido pela CIA tem um viés poético e pessoal, sobretudo as cartas familiares ou os rascunhos de discursos que Bin Laden nunca chegou a pronunciar. Mas vários documentos internos da Al Qaeda dão a ideia de que o líder da organização jihadista se comportava como o diretor de recursos humanos de uma multinacional em apuros. A divulgação do material acontece poucos dias depois do premiado jornalista americano Seymour Hersh afirmar em um artigo que a narrativa oficial de Washington sobre a busca e morte de Bin Laden está repleta de mentiras.

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“Uma das especialidades que necessitamos e que não podemos descuidar é a ciência da administração”, afirma em um dos textos, no qual pede o fomento de um programa de capacitação profissional. Os jovens voluntários devem ter profundas convicções religiosas, mas também saber de ciência, engenharia e administração, segundo o documento. Devem ser treinados durante vários meses antes de serem enviados a realizar ataques no Ocidente, pedia Bin Laden. “A pessoa deve ser piedosa e paciente”, insiste em outra nota, que exalta a discrição dos jihadistas que realizaram o atentado na embaixada americana de Nairóbi em 1998.

“Qualquer pessoa que demonstre tédio, não termine as tarefas designadas ou se irrite facilmente tem que ser retirada do trabalho externo. No Quênia os irmãos permaneceram dentro da casa por nove meses”, afirma. Bin Laden dizia que não precisava conhecer os detalhes do trabalho externo, como eram chamados os ataques contra alvos ocidentais fora do campo de batalha, por razões de segurança, mas que em casos de atraso seria obrigado a intervir.

Em outro documento que os analistas da CIA acreditam que foi escrito por Bin Laden ou por outro líder da Al Qaeda, o grupo adverte que às vezes os voluntários eram mobilizados muito cedo. Cita o exemplo de um voluntário que só pôde permanecer dois meses porque precisava voltar ao Ocidente. “Demos a ele um curso acadêmico de explosivos e voltou antes que seu visto de residência expirasse, e não voltamos a ouvir falar dele”, explicou. “Esperamos ouvir falar dele muito em breve”, acrescentou.

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Departamento de desenvolvimento – A Al Qaeda sofria porque seus jihadistas mais experientes geralmente estavam identificados pelas agências de inteligência inimigas e não tinham documentos para viajar. Os jovens eram impacientes e não haviam sido propriamente treinados. “Precisamos de um departamento de planejamento e desenvolvimento”, oferece Bin Laden como solução, ao perfeito estilo de um gerente. “Enviaremos alguns irmãos inteligentes (…) para estudar nas universidades”, diz o documento, que prevê uma nova geração de jihadistas com conhecimentos de computação, administração e ciência política.

A química é essencial, é claro, “para elaborar explosivos, que é algo que precisamos urgentemente”, acrescenta o texto. Os especialistas em comunicação também eram bem-vindos, uma vez que Bin Laden planejava uma campanha de relações públicas para marcar o décimo aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001, uma data que, no entanto, não chegou a presenciar.

(Da redação)

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