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Rússia anuncia cessar-fogo para retirar civis de siderúrgica em Mariupol

Ucrânia diz que anúncio unilateral não oferece segurança para os 1.000 civis que se abrigaram em Azovstal

Por Da Redação
Atualizado em 25 abr 2022, 11h43 - Publicado em 25 abr 2022, 08h46

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou nesta segunda-feira, 25, um cessar-fogo em torno da siderúrgica Azovstal, em Mariupol, na Ucrânia. O objetivo é permitir a retirada de civis do complexo, que tornou-se uma fortaleza da resistência ucraniana na cidade portuária.

Segundo comunicado da pasta, o exército russo “vai interromper unilateralmente quaisquer hostilidades, afastar unidades [militares] a uma distância segura e garantir a retirada de civis” a partir das 14h (horário de Moscou, 8h de Brasília) nesta segunda-feira.

A gigantesca usina siderúrgica, que possui um labirinto de túneis subterrâneos, tornou-se o último baluarte da resistência ucraniana na estratégica cidade portuária do Mar de Azov. Soldados ucranianos recusaram-se a entregar Mariupol, apesar de estarem cercados por forças russas.

Autoridades ucranianas disseram que até 1.000 civis se abrigaram lá e pediram repetidamente à Rússia que permitisse uma saída segura a todos.

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O Ministério da Defesa russo disse que qualquer civil preso na instalação pode sair em qualquer direção que escolher, acrescentando que o lado ucraniano deve mostrar “prontidão” para iniciar os corredores humanitários “levantando bandeiras brancas” em Azovstal. De acordo com o ministério, esta informação será comunicada às pessoas dentro da Azovstal via rádio a cada 30 minutos.

No entanto, a a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, afirmou também nesta segunda-feira que não conseguiu fazer um acordo com a Rússia para a retirada de civis da siderúrgica Azovstal.

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“Hoje, o lado russo anunciou mais uma vez a existência de um corredor para os civis deixarem Azovstal. Poderíamos acreditar nisso, caso os russos não tivessem quebrado acordos sobre corredores humanitários antes”, disse em comunicado no Telegram. “É importante entender que o corredor humanitário é aberto por acordo de ambas as partes. O corredor, anunciado unilateralmente, não oferece segurança e, portanto, de fato, não é um corredor humanitário.”

Vereshchuk disse que pediu ao secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, para garantir a retirada de civis de Azovstal. Guterres marcou encontros separados com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o presidente russo, Vladimir Putin.

O fracasso de retirar civis de Mariupol

A Rússia alegou na semana passada que havia “libertado” Mariupol, quando o presidente Vladimir Putin ordenou o fechamento de todas as rotas para fora da fábrica. Segundo analistas, a medida efetivamente condenou à morte quem estava dentro de Azovstal.

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“Não há necessidade de entrar nessas catacumbas e rastejar no subsolo através da fábrica. Bloqueiem a área industrial para que nem mesmo uma mosca possa escapar”, disse Putin.

Há pelo menos 500 soldados feridos dentro da fábrica que precisam de medicamentos e cirurgias, incluindo amputações, enquanto vários civis idosos também precisam de tratamento urgente. O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia disse que há escassez de comida, água e medicamentos essenciais.

Na quinta-feira 21, três ônibus escolares levaram refugiados de Mariupol à cidade de Zaporizhzhia. O objetivo da Ucrânia era retirar muito mais civis da região e acusou a Rússia de atacar uma rota usada por civis em fuga.

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“Pedimos desculpas ao povo de Mariupol que esperou, sem resultado, pela evacuação”, disse a vice-primeira-ministra ucraniana. “Começou um bombardeio perto do ponto de coleta, o que nos obrigou a fechar o corredor humanitário.”

Por que a Rússia quer Mariupol?

Mariupol era uma metrópole movimentada, casa de 400.000 pessoas antes da invasão da Rússia no final de fevereiro, mas foi totalmente destruída por oito semanas de bombardeio constante. O prefeito da cidade, Vadym Boichenko, disse no início de abril que mais de 90% da infraestrutura do centro urbano foi danificada, sendo 40% “irrecuperável”.

Mariupol é a maior cidade ucraniana no Mar de Azov e o principal porto que serve as indústrias e a agricultura do leste da Ucrânia. Devido à importância estratégica do porto, tornou-se alvo de alta prioridade desde os primeiros dias de guerra. Também era a maior cidade controlada pelas autoridades ucranianas em Luhansk ou Donetsk – as duas províncias da região de Donbas, que Moscou exigiu que a Ucrânia cedesse aos separatistas pró-Rússia.

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Com o controle de Mariupol, a Rússia passa a comandar toda a costa do Mar de Azov e cria uma ponte terrestre para a península da Crimeia, que Moscou anexou em 2014. Ou seja, a cidade liga dois dos principais eixos da invasão da Rússia e libera o exército para se deslocar para o leste da Ucrânia, onde está sendo travada a principal ofensiva contra o exército ucraniano.

Putin espera poder anunciar a conquista de Mariupol no Dia da Vitória da Rússia, em 9 de maio, que comemora a derrota nazista na Segunda Guerra Mundial.

+ Reino Unido vai reabrir embaixada na Ucrânia e investigar crimes de guerra

Investigações sobre crimes de guerra na cidade estão em andamento. Dois ataques – um em uma maternidade e outro em um teatro, onde centenas de civis se escondiam na época – estão em foco. Segundo o prefeito da cidade, mais de 10.000 civis morreram desde o início dos ataques.

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