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Prefeito de NY em maus lençóis por gestão de protestos e pandemia

O democrata Bill De Blasio é alvo de críticas dos partidários mais progressistas por constantes oscilações de opinião e promessas não cumpridas

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2020, 10h00 - Publicado em 21 jun 2020, 09h00

Donald Trump não é o único a acumular derrotas em tempos de crise nos Estados Unidos. O prefeito progressista de Nova York, Bill De Blasio, de 59 anos, também é alvo de críticas por sua resposta à pandemia e aos atos antirracistas que se espalham por todo o país.

Primeiro democrata a governar a cidade em duas décadas e representante da ala mais radical de sua legenda, chegou ao poder ancorado em bandeiras como combate à desigualdade, taxações aos mais ricos e fim dos abusos policiais. Foi louvado por sua decisão de acabar com a política de “stop and frisk”, que permitia abordagens policiais sem bases legais. Nas últimas semanas, porém, escorregou justamente em um dos maiores calcanhares de aquiles daqueles que tem como desafio governar a maior metrópole do mundo: segurança pública.

A cidade foi tomada nas últimas duas semanas por grandes manifestações, desencadeadas pela morte de George Floyd por um policial branco em Minnesota. O homem negro de 46 anos foi asfixiado pelo agente por mais de 8 minutos, enquanto pedia socorro. Os atos tomaram as ruas de todo o país com demandas como fim da violência policial e do racismo, mas enfrentaram dura repressão das forças de segurança.

Em Nova York, um entregador de comida foi preso pouco após o início do toque de recolher, apesar de sua função ser considerada como essencial. Em Williamsburg, policiais foram filmados colocando algemas em um homem que sangrava pela cabeça e que estava aparentemente inconsciente.

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Confrontado pela população com a violência usada pela polícia, De Blasio defendeu a ação dos agentes em mais de uma ocasião. “Há um padrão de grupos violentos que atacam a polícia, comunidades e propriedades de forma sistemática”, disse em uma sessão de perguntas e respostas organizada por uma rádio com seus ouvintes. Não deu outra: foi recebido com vaias e insultos pela população que participava de uma vigília no Brooklyn em homenagem a Floyd em 4 de junho. Alguns dias depois, em uma cena bastante incomum, atuais e ex-funcionários da Prefeitura se reuniram na frente da sede municipal para protestar contra suas ações.

O prefeito só suavizou seu discurso após a prisão de sua filha, Chiara, em um dos muitos dias em que a metrópole foi tomada por manifestações. A jovem de 25 anos é fruto de seu casamento com a escritora afrodescendente Chirlane McCray, e foi detida por desobedecer ordens policiais. Ela foi liberada algumas horas depois, sem revelar seu parentesco com o prefeito. “Eu amo profundamente minha filha. Eu a honro. Ela é um ser humano tão bom. Ela só quer fazer o bem para o mundo”, disse na ocasião.

Uma semana depois, De Blasio anunciou a revogação do toque de recolher imposto em toda a metrópole para controlar os protestos. Mas a mudança de tom veio tarde demais. “Nenhum prefeito pode se voltar totalmente contra a polícia, mas De Blasio fez um trabalho especialmente desajeitado ao se posicionar e realmente não inspirou ninguém”, analisa Jeffrey Henig, cientista político da Universidade de Columbia.

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Como se não bastasse todo o escândalo causado por suas declarações a favor de atos violentos da polícia, De Blasio ainda encara toda a insatisfação populacional por sua gestão da crise sanitária causada pelo coronavírus. Acusado de resistir ao fechamento das escolas e ao isolamento social nas primeiras semanas de surto, desagrada 31% da população com sua resposta à pandemia. Um estudo estimou que, se a cidade tivesse fechado apenas uma semana mais cedo, no dia 8 de março, a região metropolitana de Nova York teria registrado 209.987 casos de infecção e 17.514 mortes a menos.

Grande crítico do presidente Jair Bolsonaro, De Blasio também protagonizou um momento chave da rejeição ao líder brasileiro pela comunidade internacional. Em maio do ano passado, quando Bolsonaro seria homenageado como a Personalidade do Ano de 2019 da Câmara de Comércio Brasil-EUA em Nova York, o prefeito despejou verdades sobre seu governo e afirmou que o presidente não era bem-vindo na cidade. A pressão foi tanta que o evento foi transferido para o Texas. O prefeito ainda se candidatou à indicação para candidato à Presidência pelo Partido Democrata, mas teve um desempenho pífio e logo desistiu da campanha.

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Alvo de críticas de democratas conservadores por seu posicionamento muito à esquerda e dos partidários mais progressistas por suas constantes oscilações de opinião e promessas não cumpridas, se tornou mais uma das vítimas da criteriosa população novaiorquina – nomes como Michael Bloomberg e David Dinkins, o primeiro afroamericano a ocupar o cargo, também foram colocados contra a parede durante suas gestões. Talvez por isso sua pré-candidatura à Presidência americana em 2019 tenha acabado antes mesmo de começar.

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