OEA tenta articular acordo sobre crise na Venezuela, sem sucesso
Comissão Geral recusou as propostas venezuelanas e ainda não conseguiu aprovar uma resolução sobre o país
A Venezuela esteve no centro dos debates da 47ª Assembleia Geral da Organização de Estados Americanos (OEA) que será concluída nesta quarta-feira com uma tentativa, até agora fracassada, de aprovar uma resolução sobre a crise política no país.
Na noite da terça-feira, a Comissão Geral, que decide quais propostas serão levadas ao plenário, rejeitou os 10 projetos de resolução apresentados pela Venezuela. A justificativa foi terem sido submetidos no último momento e abordarem questões complexas que necessitariam de tempo para discussão, como a construção do muro na fronteira com o México, as bases militares americanas na região e a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
A recusa da OEA colocou ainda mais pressão no encontro da organização, que busca chegar a um acordo sobre o projeto que pede ao presidente venezuelano Nicolás Maduro que reconsidere a convocação da Assembleia Constituinte, garanta o respeito aos direitos humanos e dialogue com a oposição. Sem alcançar 23 votos entre as 34 delegações, no entanto, o texto não segue para a votação na Assembleia Geral. Um grupo liderado pelo México e que inclui Estados Unidos, Canadá e Brasil, tenta convencer pelo menos outros três países a se somarem aos 20 que ontem apoiaram ontem a proposta e assim reunir a maioria necessária.
O governo de Nicolás Maduro, que ordenou em abril a saída do país da OEA, em um processo que será concretizado em dois anos, afirmou que não reconhecerá qualquer resolução da organização. A ministra venezuelana das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, contestou alusões à crise política em seu país e assegurou que a Venezuela continuará “minuto a minuto, defendendo os princípios essenciais” que, em sua opinião, devem reger a comunidade de nações americanas.
“Invasão militar”
Rodríguez bateu de frente com o subsecretário de Estado americano John J. Sullivan e acusou os Estados Unidos e seus aliados de estarem atrás do petróleo venezuelano. Na segunda-feira, Sullivan reivindicou que a OEA adote uma resolução, mesmo que modesta, sobre a crise venezuelana. O subsecretário americano defendeu a iniciativa promovida pelo México e que busca criar um processo de diálogo com a Venezuela e um grupo que acompanhe.
Em resposta, a chanceler afirmou que os Estados Unidos terão de lançar uma invasão militar na Venezuela para conseguir impor uma resolução da OEA. Rodríguez garantiu ainda que”não há crise humanitária, não há presos políticos, há violentos que cometeram crimes graves” no país.
(com agências internacionais)