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Líder de Belarus diz que deixará cargo após aprovação de nova Constituição

Alexander Lukashenko está no poder desde 1994 e sofre pressão de protestos anti-governo que tomam o país desde agosto

Por Da Redação
27 nov 2020, 19h31

O líder de Belarus, Alexander Lukashenko, afirmou nesta sexta-feira, 27, que deixará o poder depois da aprovação de reformas constitucionais no país, que ele propôs como resposta a protestos anti-governo que tomam o país desde agosto. No poder há 26 anos, o apelidado “último ditador da Europa” começou a sofrer pressão dos bielorrussos após ser reeleito sob denúncias de fraude.

“Não estou fazendo uma Constituição sob medida para mim. Com a nova Constituição, eu não servirei mais como presidente”, disse Lukashenko, durante uma visita a um hospital que atende pacientes infectados pelo novo coronavírus – que, no início da pandemia, ele afirmou erroneamente que poderia ser eliminado com “sauna e vodka”, dois símbolos culturais do país.

Mesmo assim, o líder bielorrusso não perdeu a oportunidade de criticar os manifestantes que, segundo ele, “atacam o presidente e a escala de poder” do país.

“Pedem democracia e que todos devem ser eleitos. Mas já vivemos isso com [o presidente soviético Mikhail] Gorbachev, e o que conseguimos com tantas eleições? Perdemos o país, e a União Soviética se desintegrou. É esse o fruto podre que eles querem nos vender agora?”, disse.

Segundo Lukashenko, sua proposta de Constituição não tem objetivo de “oferecer mais democracia”. Ele até mesmo admitiu temer que um presidente sem experiência assuma o comando do país e como “tudo depende da decisão do presidente”, um novo líder possa “desencadear uma guerra”.

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A oposição bielorrussa descreveu a proposta de Lukashenko como uma “imitação da democracia”, que apenas procurava garantir a permanência do líder no poder e desviar a atenção das “eleições fraudadas” que geraram os maiores protestos populares no país desde a queda da cortina de ferro.

Líderes e manifestantes anti-governo reivindicam a convocação de novas eleições presidenciais e o retorno à Constituição de 1994 – a qual Lukashenko se opõe, afirmando que o país precisa “seguir em frente”.

Durante agosto e setembro, marchas contra o “último ditador da Europa” ocorreram todos os domingos desde as eleições em 9 de agosto que reelegeram o presidente, apesar da oposição afirmar que o pleito foi fraudado. Ao menos 7.000 pessoas foram presas e a polícia é acusada de truculência e perseguição. O uso de agentes sem uniformes para prender manifestantes se tornou prática do governo.

A líder da oposição de Belarus, Svetlana Tikhanovskaya, se refugiou na Lituânia citando preocupações com a segurança de seus filhos, enquanto sua colega Olga Kovalkova anunciou que viajou à Polônia depois de receber ameaças do serviço de inteligência do país. Maria Kolesnikova, uma das principais figuras do movimento de oposição, foi detida por um grupo de homens encapuzados.

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Lukashenko, por sua vez, cita um plano apoiado por potências estrangeiras para desestabilizar Belarus, afirmando que os manifestantes são criminosos e desempregados.

Em 2001, na primeira reeleição do presidente, a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), entidade internacional que fiscaliza eleições no continente europeu, denunciou “falhas fundamentais” no processo eleitoral, entre elas censura da mídia. Belarus ocupa a 153ª posição, entre 180 países, no ranking de liberdade de imprensa feito pela organização Repórteres sem Fronteiras.

Em setembro, Lukashenko admitiu que está há muito tempo no poder – assumiu o comando logo depois da independência do país, em 1994 –, mas garantiu na ocasião que não pretendia renunciar ao cargo ou convocar novas eleições.

(Com EFE)

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