O afastamento por enquanto temporário de Wilson Witzel (PSC) do cargo de governador do Rio de Janeiro — o sexto a ser investigado por corrupção nos últimos anos — repercutiu em grandes veículos de imprensa ao redor do mundo.
“Governador do Rio suspenso em meio a uma investigação cada vez maior de corrupção envolvendo a resposta do Brasil à pandemia”, publicou o jornal americano The Washington Post nesta sexta-feira, 28. O periódico descreveu a política sanitária do estado do Rio de Janeiro frente à Covid-19, motivo pelo qual Witzel é investigado, como “desastrosamente caótica”: o estado tem, ao todo, uma contaminação a cada 80 habitantes e uma morte a cada 1.080.
A pandemia, acrescentou o jornal americano, se tornou uma “mina de ouro para vigaristas e fraudadores” no Brasil, referenciando alguns casos sob investigação — dentre eles a compra de respiradores pelo governo do Amazonas em uma loja de vinhos — e ressaltando a “longa e notória história de corrupção” do país.
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Clique e AssineA agência de notícias Reuters, um dos primeiros veículos a noticiar o afastamento, destacou o relacionamento político de Witzel com o presidente, Jair Bolsonaro.
“Originalmente alinhado com Bolsonaro, Witzel tornou-se um crítico cada vez mais vocal do presidente de direita e era amplamente visto como um possível rival para a eleição de 2022”, lembrou o veículo britânico.
“O governador classificou sua remoção como um ‘circo’ de motivação política, liderado por um promotor público [procurador-geral da República, Augusto Aras] com ligações com a família Bolsonaro e baseado em falso testemunho de seu ex-secretário de saúde [Edmar Santos]”, concluiu.
Na França, o jornal Le Figaro mencionou a reação de Bolsonaro ao ser questionado sobre o afastamento de seu rival: “Bolsonaro respondeu com uma gargalhada: ‘As coisas estão acontecendo no Rio hoje. Quem é o governador?'”.
Na Argentina, o jornal La Nación relatou a suspeita do Ministério Público Federal, com base na denúncia de Santos, de que três grupos disputavam o poder no governo Witzel por meio do pagamento das supostas propinas, representados pelo empresário Mário Peixoto (detido desde maio), o presidente do PSC, Pastor Everaldo (com mandado de prisão expedido nesta sexta-feira), e o empresário José Carlos de Melo.