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Com ‘espaço para concessões’, Kiev e Moscou continuarão encontro na quarta

Segundo negociador ucraniano, contradições fundamentais ainda persistem, mas negociações seguem depois de 'pausa técnica'

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 mar 2022, 18h00 - Publicado em 15 mar 2022, 09h45
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  • Representantes da Rússia e da Ucrânia encerraram nesta terça-feira, 15, a quinta rodada de negociações para chegar a um acordo que coloque fim no conflito entre os dois países. Segundo assessor e chefe do gabinete da Presidência da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, as conversas serão retomadas na quarta-feira e há “espaço para concessões”. 

    “Continuaremos amanhã. Um processo de negociação muito difícil e maçante. Há contradições fundamentais. Mas há certamente espaço para concessões. Durante o intervalo, trabalho em subgrupos vai continuar”, disse.

    O encontro anterior, na segunda-feira, entrou em uma “pausa técnica” até esta terça para “trabalho adicional de subgrupos de trabalho e esclarecimento de definições individuais”. Diferentemente das três rodadas anteriores, realizadas no território de Belarus, próximo à fronteira com a Polônia, as duas últimas reuniões foram feitas através de videoconferência.

    Segundo Podolyak, os trabalhos foram retomados como combinado nesta terça-feira e houve “uma discussão bastante dura entre as partes”.

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    “Negociações em andamento. Consultas sobre a principal plataforma de negociação renovadas”, disse Podolyak em publicação nas redes sociais, ressaltando que entre os tópicos estão cessar-fogo e retirada de tropas de território ucraniano.

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    Apesar dos encontros, um entendimento das partes sobre o fim do conflito ainda parece longe. Em seu entendimento, Oleksiy Arestovich, conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, afirmou que o conflito não deve passar de maio, quando acredita que a Rússia não terá mais recursos para manter seus ataques.

    “Acho que no mais tardar em maio, início de maio, devemos ter um acordo de paz. Talvez muito antes, veremos, estou falando das últimas datas possíveis”, disse em vídeo publicado nas redes sociais.

    O Kremlin, por sua vez, disse que ainda é muito cedo para previsões.

    “O trabalho é árduo, e, na situação atual, o próprio fato de eles continuarem [as conversa] é provavelmente positivo”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Não queremos dar previsões. Aguardamos resultados”.

    Kiev sob fogo e ‘desenvolvimentos positivos’

    O encontro ocorre ao mesmo tempo em que Kiev é atingida por ataques das forças de Vladimir Putin. Nesta terça, um bairro residencial foi atingido e um prédio pegou fogo. Há relatos de mortos e feridos. Além disso, a capital entrará em toque de recolher de 35 horas a partir desta noite.

    A reunião acontece também poucas horas antes da chegada de líderes da Polônia, República Tcheca e Eslovênia para encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Trata-se da primeira delegação de líderes europeus a visitarem a capital da Ucrânia desde o início da invasão russa, há vinte dias.

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    O premiê polonês, Mateusz Morawiecki, o vice-primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski, o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, e o premiê esloveno, Janez Jansa, visitarão a capital como representantes do Conselho Europeu.

    As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho, que teve início em 24 de fevereiro, foram explicitadas recentemente quando o porta-voz Dmitry Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militares na Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.

    Moscou chama sua incursão de “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e desalojar líderes que chama de “neonazistas”. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que se trata de um pretexto para uma guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.

    Na semana passada, autoridades russas e ucranianas se encontraram para a terceira rodada de negociaçõesApós dois encontros que renderam entendimentos escassos para proteção de civis, a terceira rodada de conversas terminou com “pequenos desenvolvimentos positivos”, segundo um representante ucraniano. Apesar do tom mais positivo, a implementação de corredores humanitários, que têm objetivo de facilitar a retirada de civis e a entrada de itens básicos como remédios, tem se mostrado difícil em cidades afetadas pela guerra.

    Mesmo com avanços para retirada de civis, muitas tentativas de retirada de civis fracassaram ao longo da semana e foram interrompidas por acusações de violações ao cessar-fogo. Em um pronunciamento no domingo, o presidente Volodymyr Zelensky anunciou que aproximadamente 125 mil pessoas já foram retiradas de áreas atingidas por ataques russos por meio dos corredores humanitários criados no país.

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