Fifa vendeu a ideia de que torneio marcaria revolução na arbitragem, mas, com ou sem ajuda eletrônica, os apitadores foram um desastre
Por da redação
Atualizado em 22 jul 2022, 12h26 - Publicado em 19 dez 2016, 10h00
O Mundial de Clubes de 2016 terminou neste domingo com o resultado esperado, o título do Real Madrid de Cristiano Ronaldo. O torneio no Japão marcou a estreia oficial do “árbitro de vídeo”, o auxílio tecnológico que o futebol tanto precisava. O que se viu, no entanto, foi uma sequência de lambanças, tanto dos árbitros de vídeo quanto dos de campo, em lances decisivos. Na final, o japonês Kashima Antlers foi extremamente prejudicado pela covardia do árbitro Janny Sikazwe, de Zâmbia, que “desistiu” de expulsar Sergio Ramos, o capitão do Real Madrid.
O lance aconteceu aos 44 minutos do segundo tempo, quando a decisão em Yokohama estava empatada em 2 a 2. Mu Kanasaki arrancou em contra-ataque e foi parado, com falta, por Ramos no meio-campo. Lance para amarelo, jogada de manual de arbitragem. O árbitro Sikazwe até chegou a colocar a mão no bolso, em clara menção de que puniria o zagueiro, mas, após formar-se uma roda de jogadores do Real Madrid, desistiu. Ramos já tinha amarelo e fatalmente seria expulso não fosse a repentina “mudança de ideia” do árbitro.
O técnico do Kashima Antlers, Masatada Ishii, definiu bem a situação. “Nossos jogadores foram valentes e deram seu máximo desde o primeiro minuto de partida. Mas o árbitro, em um momento crucial, não foi suficientemente valente. Isto é lamentável.” Na prorrogação, o Real Madrid consolidou sua superioridade com mais dois gols de Cristiano Ronaldo e venceu por 4 a 2.
Tão desastrada quanto a decisão do apitador Sikazwe no lance de Sergio Ramos, talvez tenha sido a sua escolha para a final. Por proibir que o árbitro da final seja de um dos continentes envolvidos (Europa e Ásia, no caso), a Fifa escalou um árbitro africano, de pouco renome internacional. Esta foi apenas mais uma demonstração de que o Mundial de Clubes, o sonho de tantas equipes, é visto como um mero “laboratório” para a Fifa.
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Sequência de lambanças
No caso deste domingo, o juiz de Zâmbia abriu mão da ajuda do árbitro de vídeo, que poderia tranquilamente (talvez até o tenha feito) ter dito que Ramos deveria ser expulso. Nas outras partidas em que o recurso foi usado, porém, os árbitros se complicaram ainda mais.
O próprio Kashima foi o primeiro beneficiado das lambanças: na semifinal diante do Atlético Nacional, da Colômbia, teve um pênalti a seu favor marcado, após mais de 2 minutos de indecisão, em lance contestado. Nishi Daigo, o jogador derrubado por um colombiano, estava impedido na origem da jogada. Em nota, a Fifa considerou que a arbitragem acertou mesmo assim, mas não explicou o motivo de tanta demora.
Na outra semifinal, o árbitro de vídeo até acertou, mas se intrometeu sem necessidade. Cristiano Ronaldo marcou contra o América do México em posição legal, confirmada pelo bandeirinha. O árbitro paraguaio Enrique Cáceres, porém, anulou o gol inexplicavelmente e depois solicitou a ajuda eletrônica. Em seguida, “revalidou” o gol do português, e todos ficaram sem entender direito o ocorrido.
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O ex-árbitro suíço Massimo Busacca, atual diretor de arbitragem da Fifa, defendeu o recurso. “O objetivo da vídeo arbitragem é que nenhuma equipe perca injustamente por uma decisão do árbitro.” Em seguida, ele mesmo matou charada. “Se a tecnologia se aplica bem, não haverá mais injustiças no futebol”. Pois é, senhor Busacca, a ideia é boa, mas precisa ser bem aplicada, assim como a escalação dos árbitros. O primeiro teste teve péssimos resultados.
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