Depois de 1 ano e 7 meses amargando perdas em razão da Covid-19, a indústria cinematográfica enfim começa a se recuperar. No Brasil e no mundo, o mês de outubro teve a melhor bilheteria desde o início da pandemia. Por aqui, segundo dados cedidos a VEJA pela empresa Comscore, o mês rendeu aos cofres da indústria 116,3 milhões de reais, quase metade disso (48,3%) com Venom 2, que seguiu inabalável na liderança da bilheteria nacional nesse final de semana, com 4,27 milhões de reais arrecadados — 56,19 milhões acumulados desde a estreia, em 7 de outubro. Completam o pódio do mês os aguardados 007: Sem Tempo Para Morrer, com 21,43 milhões, e Duna, que embolsou 10,21 milhões nas duas primeiras semanas de exibição.
Apesar do recorde de arrecadação, outubro ocupa o segundo lugar no ranking de público, ficando 0,94% atrás de julho, que levou 6.795.103 milhões de pessoas aos cinemas brasileiros — 63,8 mil a mais do que os 6.731.318 de outubro. A maior arrecadação, mesmo com público ligeiramente menor, pode ser atribuída a diferenças no preço dos ingressos, como uma variação no percentual de meia-entrada em cada mês e a forte presença do Imax em outubro, que tem valores mais salgados. Segundo divulgado pela empresa, aliás, o Imax abocanhou 20% da arrecadação global de Duna na semana de estreia. Em comum, ambos os meses tinham em cartaz blockbusters badalados que sofreram com uma série de adiamentos — em julho, Viúva Negra e Velozes e Furiosos 9 — comprovando que além do avanço da vacinação e o consequente afrouxamento das medidas de restrições, o que de fato impulsiona a recuperação da indústria é colocar nas telas longas que tenham apelo junto ao público.
A regra vale também para o exterior. Na América do Norte, julho também perdeu a coroa para outubro, que arrecadou 637 milhões de dólares apoiado em Venom 2 (190,4 milhões de dólares), 007: Sem Tempo Para Morrer (133,3 milhões) e Halloween Kills (85,6 milhões). Duna veio logo em seguida, com 69,4 milhões de dólares. O desempenho corresponde a 80% dos 789 milhões de dólares arrecadados em outubro de 2019, e 1.158% dos baixíssimos 55 milhões de dólares do mesmo período de 2020. Globalmente, a receita do mês chegou a 3,2 bilhões de dólares, 30% acima do estimado pela empresa Gower Street — parceira da Comscore em Londres.
O bom desempenho fez com que a Gower Street aumentasse a previsão da bilheteria global de 2021 de 20,2 bilhões de dólares para 21,6 bilhões de dólares — 80% a mais do que em 2020, mas ainda 49% a menos do que em 2019, conforme reportado pelo The Hollywood Reporter. Uma peça essencial dessa recuperação é o mercado chinês, que deve embolsar 7,3 bilhões de dólares em 2021, 55% a mais do que 4,7 bilhões projetados para a América do Norte.