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Ainda há espaço para rainhas brancas no carnaval?

Maior representatividade negra marca os destaques das escolas de samba

Por Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 fev 2023, 17h00

Esse carnaval não vai ser como o que passou. Uma mudança significativa – e nada silenciosa – começa a ganhar corpo para a Sapucaí. Em 2023, metade das escolas de samba do grupo especial do Rio terá rainhas de bateria negras. São elas: Mangueira, com Evelyn Bastos; Paraíso do Tuiuti, com Mayara Lima; Viradouro, com Erika Januza; Portela, com Bianca Monteiro; Imperatriz Leopoldinese, com Maria Mariá; e Beija-Flor, com Lorena Raissa. Na contramão há nomes como na Grande Rio, com Paolla Oliveira; Unidos da Tijuca, com Lexa; Acadêmicos do Salgueiro, com Viviane Araújo; Vila Isabel, com Sabrina Sato; além da Mocidade Independente, com Giovana Angélica; e Império Serrano, com Darlin Ferrattry. Não custa lembrar que no Brasil se aceita a autodeclaração, ou seja, a própria pessoa determina se considera preto, pardo ou branco, por exemplo, em concursos com cotas raciais.

A maior representatividade negra na Sapucaí pode ter a ver com o resgate histórico da origem do samba e a maior valorização que as escolas têm dado a suas raízes em tempos de crise com a sociedade. É o que acontece, por exemplo, na Paraíso do Tuiuti. Mayara Lima viralizou no último desfile com um vídeo sambando sincronizado com os ritmistas. Na época princesa de bateria, mesmo aclamada pela torcida, ela era apenas coadjuvante ao lado de uma rainha branca. Na segunda-feira, 20, Mayara reinará absoluta como rainha da escola. Merecidamente, aliás. “Quando a gente estuda sobre samba, sabe de onde ele veio. Dos orixás, da África, dos ancestrais, então é a lógica que essa cronologia continue acontecendo e não mudando. É mais um fato de ser o nosso lugar, como o cargo é, o lugar de uma mulher preta também dentro do samba”, diz.

O tema é tão polêmico, que transcende a discussão meramente figurativa que o posto de rainha pode conotar. Para o carnavalesco Leandro Vieira, da Imperatriz Leopoldinense, carnaval é lugar para reafirmação de identidades periféricas, tantas vezes associadas à violência. “É preciso olhar para todas as nuances que são representadas pela periferia. A periferia é preta. A periferia é branca. A periferia é nordestina, a periferia é múltipla. O que eu sou contrário não é a questão da branca ser musa ou rainha. O que eu sou contrário é a questão da comercialização [do cargo] que retira o protagonismo de mulheres periféricas”, sentencia Leandro.

No grupo de acesso, escolas de base que sonham disputar o carnaval entre as grandes agremiações, os cargos são menos visados – por isso a tendência é que se valorize mais a “essência” do samba. Mas até lá a polêmica já chegou. Nathalia Hino, 25, rainha da Estácio de Sá, a mais antiga escola do carnaval, afirma que não se sente menos acolhida por ser branca. “Tem espaço para todo mundo, contudo respeitando as origens. No carnaval a gente tem que se divertir com sabedoria, tem que respeitar a história de cada um”, diz, pisando devagarinho num campo minado.

Cheia de moral na sua estreia entre as majestades, Mayara concorda com a parceira de realeza. “A pessoa está ali vivendo um sonho, como eu, tem espaço para todo mundo. O samba é de origem africana, mas é um lugar eclético, todo mundo é bem-vindo”. Nesta cordialidade carnavalesca, impera a palavra que tem sido tão defendida no Brasil: democracia. Mais uma lição do mundo do samba.

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Paolla Oliveira -
Paolla Oliveira – (Fred Pontes/Divulgação)
Mayara Lima
Mayara Lima – (Denilson Santos/Divulgação)
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