Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Tela Plana Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
Continua após publicidade

Depp x Heard: doc da Netflix é superficial ao revisitar julgamento

Um ano após a batalha midiática, produção coloca depoimentos lado a lado e tenta, em vão, tecer crítica sobre espetacularização da vida pessoal de famosos

Por Gabriela Caputo Atualizado em 16 ago 2023, 18h26 - Publicado em 16 ago 2023, 18h25

Cerca de um ano atrás, a internet foi tomada por opiniões contrastantes sobre o julgamento altamente midiático entre duas estrelas de Hollywood, o ex-casal Johnny Depp e Amber Heard, com veredicto favorável a Depp. Johnny Depp x Amber Heard, nova série documental da Netflix, foi concebida com a proposta de analisar o imbróglio sob uma perspectiva de neutralidade e evidenciar como a opinião pública — concentrada principalmente nas redes sociais — orbitou todo o processo. Para isso, ao longo de três episódios, a diretora Emma Cooper costura gravações dos depoimentos dos atores, realizados em semanas diferentes nos tribunais, exibindo lado a lado as perspectivas divergentes de Depp e Heard. Enquanto a ideia era construir uma crítica, o produto final decepciona: trata-se de uma mera retrospectiva superficial. Pior: a série reforça o desequilíbrio de apoio que cada um recebeu, dando palco exagerado aos fãs de Johnny Depp.

Mirando na construção de uma reflexão sobre a era das redes sociais e a espetacularização da vida pessoal das celebridades, que não nos diz respeito, a diretora Emma Cooper se vale de múltiplos trechos de vídeos publicados no YouTube, TikTok e Twitch, feitos por criadores de conteúdo e influenciadores que “cobriram” o caso com comentários altamente subjetivos, dentre outros tipos de mídia e imagens de arquivo. Apesar de alguns conteúdos remeterem a apoiadores de Amber Heard, a predominância dos partidários de Depp sobrepõe seu lado da história, e alimenta ainda mais o rechaço que perseguiu a atriz após a derrota nos tribunais. As inúmeras piadas e memes anti-Heard acabam por descredibilizar, e até ridicularizar as sérias acusações de violência doméstica e difamação discutidas na Justiça. É constante no documentário, por exemplo, uma figura que veste uma fantasia do personagem Deadpool e se diz a favor do ator e ativista dos “direitos dos homens”.

Trecho de série documental da Netflix, dirigida por Emma Cooper
Trecho de série documental da Netflix, dirigida por Emma Cooper (//Divulgação)

Não foram realizadas entrevistas, nem com especialistas, nem com figuras envolvidas no caso — muito menos os próprios astros. O resultado é uma revisitação de tudo que aconteceu sem, porém, acrescentar novidade alguma ao debate. Além disso, a crítica pretendida é vazia, e até idiotizada. Ao contrário da “neutralidade” buscada, há ambiguidade. Mais interessante seria expandir o material para um contexto mais amplo de análise cultural: da toxicidade do ambiente on-line em que foi construído uma perseguição sistemática a Amber à misoginia perpetuada por grupos ditos “masculinistas”, que saíram de fóruns antes anônimos e hoje conquistam espaço com porta-vozes considerados “influenciadores” — alguns dos quais participaram do fenômeno anti-Heard.

Continua após a publicidade

A batalha legal espinhosa entre o ex-casal começou em 2016, quando Amber Heard pediu o divórcio e acusou Depp de agressão. O astro processou a ex-mulher por difamação, e por ela foi processado de volta. O veredicto, decidido por um júri em junho do ano passado, apontou que Depp e Heard haviam difamado um ao outro. No entanto, a atriz levou a pior: condenada a pagar mais de 10,35 milhões de dólares, contra os 2 milhões que receberia do ex-marido, ela não tinha dinheiro suficiente para arcar com a punição. Amber tentou apelar, pedindo pela anulação do julgamento e a realização de um novo. No final, acabou desistindo e fechou um acordo com o ex, em que pagaria 1 milhão de dólares ao ator, uma redução significativa da pena decretada pelo tribunal.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.