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Crise de confiança nos investimentos

Desenvolvimento de longo prazo fica comprometido com a queda de investimentos

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 7 abr 2021, 17h10 - Publicado em 6 abr 2021, 13h00
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  • Editorial de O Estado de S. Paulo (6/4/2021)

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    Em setembro de 2020, em discurso na ONU, o presidente Jair Bolsonaro disse que os investimentos diretos no País (IDP) haviam aumentado no primeiro semestre em comparação com o ano anterior. “Isso comprova a confiança do mundo em nosso governo.” A afirmação era duplamente falsa: primeiro em relação aos fatos, depois à sua avaliação. Na verdade, os investimentos diretos no País caíram, e o fator que comparativamente mais contribuiu para isso foram as incertezas geradas pelo desgoverno nacional.

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    Segundo o Banco Central (BC), no primeiro semestre de 2020 o IDP foi de US$ 25,3 bilhões, enquanto no mesmo período de 2019 foi de US$ 32,3 bilhões. No Índice de Confiança para Investimento Estrangeiro Direto anual, lançado recentemente pela consultoria A.T. Kearney, o País caiu duas posições, e agora está em 24.º lugar.

    O investimento estrangeiro direto (IED), destinado a ampliar a produção das empresas, é um indicador importante por refletir um interesse duradouro por parte do investidor internacional. Conforme o Banco Mundial, é o melhor tipo de investimento para gerar empregos, desenvolver infraestrutura e transferir tecnologias. O IDP é a composição do IED e dos lucros das empresas estrangeiras no Brasil e de recursos de empresas brasileiras com subsidiárias no exterior.

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    No total, os ingressos do IDP caíram de US$ 69 bilhões, em 2019, para US$ 34 bilhões, em 2020. “Como tais fluxos são considerados de fundamental importância para a transferência de tecnologia, é possível que quedas duradouras dessa variável possam comprometer o processo de integração nas cadeias globais de valor e a competitividade”, alertou o BC, “com consequências para o desenvolvimento econômico de longo prazo.”

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    Naturalmente, o declínio tem razões sistêmicas derivadas da pandemia. Mas o Índice de Confiança da Kearney, resultante de uma pesquisa feita com 500 executivos seniores das maiores multinacionais sobre os destinos mais atrativos para os próximos três anos, mostra que, comparativamente, a confiança no Brasil vem derretendo.

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    O País chegou a ser o terceiro destino predileto em 2012 e 2013, por causa da riqueza de seus recursos naturais e da renda então crescente da classe média. Mas as incertezas econômicas, o desgoverno político e os escândalos de corrupção levaram a uma queda dramática.

    Na avaliação deste ano, os responsáveis pelo Índice advertem que “a queda reflete a deterioração da economia doméstica e do ambiente de governo”, manifestando especial preocupação com o descontrole do contágio e os tropeços na vacinação.

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    Em 2020, a Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, os investimentos que aumentam a produção, apresentou uma queda de 0,8% em relação à sua participação no PIB. Dados do FMI mostram que no Brasil esta participação está em 16,4% – o nível mais baixo desde 1968, segundo a FGV. Na América Latina, esta participação é de 19,6%; no mundo, 26,2%; e nos países emergentes, 32,8%.

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    Em editorial recente, bem a propósito intitulado A pandemia empurra as finanças do Brasil para a beira do colapso, o jornal Financial Times – outro indicador importante em se tratando de percepção do mercado – advertiu sobre o agravamento da crise pandêmica em razão da “teimosa desídia” do presidente Bolsonaro – isso sem falar em outros fatores de desconfiança, como as suas intervenções desastradas nas estatais. Ainda assim, o jornal lembra aos seus leitores que, “diferentemente de muitas nações presas nas agonias econômicas do coronavírus, o destino do Brasil está amplamente em suas mãos”.

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    As soluções são conhecidas pelos investidores estrangeiros e nacionais. Entre elas, uma reforma administrativa que elimine privilégios do funcionalismo e estabeleça níveis sustentáveis para o endividamento público ou uma reforma tributária que racionalize os mecanismos de taxação e elimine as distorções que privilegiam as elites de uma das sociedades mais desiguais do mundo. Além disso, a modernização de marcos regulatórios, como o do gás ou do saneamento – que já foram aprovados pelo Congresso –, certamente ajudará a resgatar a confiança dos investidores.

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