Fachin manda novo recado para Bolsonaro e deixa bola com Moraes
Presidente do TSE critica duramente o presidente da República às vésperas de sair do cargo e passar o posto para colega de toga
A reação dura que se esperava de Edson Fachin após o último ato golpista do presidente Jair Bolsonaro chegou. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu declarações fortes nesta terça, 26, durante reunião com advogados simpáticos ao ex-presidente Lula.
Como esta coluna já havia adiantado, o prazo dado por Fachin para que Bolsonaro se explicasse era só o começo. A atitude de dar cinco dias ao presidente foi vista por muitos como um “passo atrás” de Fachin, mas uma reação maior já era esperada.
Na reunião de hoje, Fachin afirmou que o TSE e a sociedade não toleram o negacionismo eleitoral. “A Justiça Eleitoral de todo o país não cruzará os braços… O TSE não está só, porquanto a sociedade não tolera o negacionismo eleitoral”, afirmou.
O recado não poderia ser mais claro. Depois de convidar embaixadores para ouvirem inverdades sobre as urnas e o processo eleitoral, Bolsonaro precisa saber que a Justiça Eleitoral está do lado da democracia, assim como a maioria dos brasileiros.
De forma ainda mais direta, o presidente do TSE chamou de “ataque” a agressão às urnas. “A agressão às urnas eletrônicas é um ataque ao voto dos mais pobres”, destacou.
Esse caso é emblemático e deixou clara a necessidade de impor limites ao atual presidente do país. O TSE sabe disso e vai agir nessa direção.
Daqui a 21 dias, em 16 de agosto, Fachin entregará a presidência do TSE a Alexandre de Moraes. Antes de deixar a cadeira, no entanto, ele reafirma sua posição e enfrenta os abusos de Bolsonaro.
Quando sair do cargo, vai se retirar sabendo que deixará em seu lugar outro ministro que não se deixa intimidar. Moraes deve continuar ou até aumentar o tom usado por Fachin. No fundo, a sociedade sabe quem está do lado da democracia. E isso está ficando mais claro conforme as eleições vão se aproximando.