As ações de partidos de oposição contra o ato golpista de Jair Bolsonaro que atingiu o sistema eleitoral brasileiro – agora, com a gravidade de envolver a comunidade internacional – renderam uma resposta, e uma resposta somente, do ministro Edson Fachin: cinco dias para uma explicação do chefe do Executivo.
Isso, juridicamente. Politicamente, é outra história.
Se lembrarmos do grito de “Basta!” do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia em que Bolsonaro se reuniu com os embaixadores para mentir sobre as urnas eletrônicas, é fácil concluir que algum tipo de punição deverá ser imposta ao mandatário, que segue a cartilha da extrema-direita.
Mesmo separadas, as ações do PT e do PDT, por exemplo, se somam em tentar colocar um freio no presidente da República, seja no uso da máquina pública para turbinar sua candidatura à reeleição, seja para evitar a propaganda antecipada.
Com os pedidos ao Tribunal mesmo no recesso do judiciário, os partidos mostraram que a reação de representantes de vários órgãos de estado brasileiro, de outros países e até de empresas privadas, que prometem combater com mais afinco a propagação de fake news nestas eleições, não foram por acaso.
Um partido apontou abuso político ao usar a estrutura da TV estatal para transmitir a reunião de Bolsonaro com diplomatas de outros países; Outra legenda mostrou que é preciso que a Justiça determine a retirada desses conteúdos que ferem a democracia brasileira.
Enquanto o país percebe que o período eleitoral começa a esquentar, em meio à convenções partidárias e contestações de adversários à Justiça, é preciso entender que esses casos ficarão primeiramente com a ministra Maria Cláudia Bucchianeri, já que somados os cinco dias de Fachin para ouvir Bolsonaro – com mais cinco para ouvir o Ministério Público – o recesso do judiciário terá acabado.
Maria Claudia foi indicada por Bolsonaro à corte, mas – mesmo que a magistrada não veja as irregularidades do caso que o país percebeu assistindo o presidente repetir falácias sobre as urnas a embaixadores – a tendência é que isso termine no plenário da corte em meio às eleições.
Lá, no colegiado, o presidente tende a ser punido, segundo apurou a coluna, porque agora ele usou dinheiro público de uma forma mais clara – antes, foram em lives – para atentar contra a idoneidade do sistema eleitoral. Do Palácio do Alvorada, numa TV pública, Bolsonaro feriu as eleições de 2022.
É o tic tac do relógio político tocando cada vez mais forte nos ouvidos brasileiros.