Mandetta rebate Pazuello: ‘Foi cego e surdo na missão de salvar vidas’
General disse em seu discurso de despedida que antecessores deixaram o Ministério da Saúde desorganizado e que faltava 'honestidade' e 'probidade' na pasta
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) reagiu ao discurso de despedida que o general Eduardo Pazuello, seu sucessor, fez nesta quarta-feira, 24, aos funcionários da pasta. Pazuello declarou que os seus antecessores tinham deixado o ministério desorganizado, sem informações sobre como lidar com a pandemia de Covid-19, e que faltava “honestidade” e “probidade” nas administrações anteriores.
A VEJA, Mandetta afirmou que o militar era despreparado para o cargo e falhou na missão de proteger os brasileiros do novo coronavírus. “Pazuello não entendeu a missão que lhe foi passada. Foi cego e surdo para a missão de salvar vidas. Nulo. Ele revelou seu despreparo para o cargo. Nem o abastecimento de insumos cruciais, como remédios e oxigênio, ele conseguiu organizar. Sem visão de saúde, sem equipe e sem condições de dar conselhos ao seu sucessor. Foi uma lástima”, disse Mandetta.
Revelada com exclusividade por VEJA, a despedida de Pazuello foi marcada por críticas aos gestores anteriores e por denúncias de que políticos faziam pressões para ter acesso a verbas do ministério. O general afirmou que não gostaria de ter assumido o cargo, mas aceitou o convite porque o presidente Jair Bolsonaro teria-lhe incumbido de uma missão, um termo sagrado para os militares.
Além de Mandetta, o oncologista Nelson Teich passou pela pasta durante a gestão de Bolsonaro na pandemia de Covid-19. A reportagem procurou o ex-ministro para comentar o discurso de Pazuello, mas não obteve resposta.
Pazuello deixou o cargo diante das pressões da sociedade e de políticos por uma mudança na condução da pandemia pelo governo federal. O Brasil ultrapassou nesta quarta-feira a marca de 300.000 mortos pela Covid-19 e enfrenta um colapso do sistema de saúde em função do aumento de infecções causadas por uma variante mais transmissível do novo coronavírus. Autoridades têm alertado há dias que diversas cidades correm o risco de ficar sem insumos para tratar os doentes, como cilindros de oxigênio e medicamentos para intubar pacientes.
Para o lugar de Pazuello foi indicado o cardiologista Marcelo Queiroga, que é próximo à família da mulher do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho mais velho do presidente. Queiroga estava presente na despedida do general e o classificou como um “um sujeito de grande coração”.
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