Justiça nega soltura de dois acusados de planejar sequestro de Moro
Um deles é apontado como líder da quadrilha e membro do PCC
A segunda instância da Justiça Federal do Paraná decidiu nesta terça, 16, manter presos dois dos acusados de planejar o sequestro do senador Sergio Moro (União-PR) e do promotor de Justiça paulista Lincoln Gakiya, entre outras autoridades. O caso foi descoberto em março, em meio aos preparativos do bando.
As defesas de Claudinei Gomes Carias e Janeferson Aparecido Mariano Gomes alegaram, de forma separada, que seus clientes têm o direito a responder às acusações em liberdade. “A prisão perdeu objeto, uma vez que com a apreensão de todos seus meios telefônicos etc, o paciente ficou incapaz de prosseguir com qualquer ato que a polícia insiste em imputar a ele, assim, não há o porquê manter o paciente preso”, afirma o defensor de Carias.
Já o advogado de Janeferson Gomes diz que os supostos crimes cometidos teriam ocorrido no campo da ideia e que os atos foram cogitados em 2022, quando Moro não havia sido eleito senador. Também alega que seu cliente passa por constrangimento ilegal, pois está preso por um crime que não cometeu, uma vez que o atentado não ocorreu, de fato.
Nenhuma das teses foi aceita pelos desembargadores, que decidiram, por unanimidade, mantê-los detidos de forma preventiva.
Segundo as investigações, Janeferson Aparecido Mariano Gomes é o principal personagem da quadrilha e tem três apelidos no mundo do crime: Nefo, NF e Dodge. Membro da chamada Sintonia Restrita da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), ala responsável por atentados e resgates de presos, Nefo não se envolve em outras empreitadas da quadrilha, como sequestros e execuções de inimigos. A exceção é o tráfico de drogas, segundo investigadores.
Na ação frustrada pela Polícia Federal no dia 22 de março, Nefo foi preso em São Paulo, assim como sua namorada, Aline de Lima Paixão (ela foi para prisão domiciliar dias depois), e outras sete pessoas. Uma ex-esposa e uma mulher apontada como amante do chefe do bando também estavam entre os detidos preventivamente.
No processo que corre na 9ª Vara Federal de Curitiba, a participação de Janeferson na empreitada é detalhada pela PF, que mapeou bens e imóveis do acusado em nome de terceiros. “Não há dúvidas da aplicação dos valores oriundos do tráfico de drogas e da associação para o tráfico de drogas de Janeferson para o financiamento das atividades criminosas na cidade de Curitiba/PR, sendo que o patrimônio identificado em nome de terceiros é parte vital das ações policiais para a completa desarticulação dos crimes em apuração, notadamente porque, com a prisão dos líderes, esse patrimônio é novamente absorvido pela orcrim (organização criminosa) para continuar a prática dos mesmos delitos”, dizem os investigadores, no pedido de prisão preventiva da quadrilha.