O tripé bambo da campanha de Jair Bolsonaro
Escalada da crise com o Republicanos fragiliza um dos pilares da estratégia eleitoral do presidente
O presidente Jair Bolsonaro apoia seus planos de reeleição no que sua equipe chama de “tripé da campanha”. Basicamente, são três pilares do chamado Centrão: PL, PP e Republicanos. Mas não é de hoje que este último anda insatisfeito com o espaço que lhe é dedicado nessa aliança.
Ontem, o presidente do partido, Marcos Pereira, decidiu verbalizar para quem quisesse ouvir o que já se escutava com frequência nos bastidores. Ao estilo de quem quer rir tem que fazer rir, reuniu jornalistas e disparou que o presidente Jair Bolsonaro vem “atrapalhando” o trabalho do partido para garantir filiações importantes na janela de troca partidária.
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Na negociação que amarrou o tal tripé lá atrás, o PL levou a filiação do presidente da República. Com isso, virou o destino certo de vários aliados importantes, entre ministros e parlamentares. Já o PP tem o comando da da Casa Civil e da Câmara dos Deputados. E, de quebra, pleiteia o cargo de vice na chapa bolsonarista.
Fato é que o Republicanos não está feliz. E, aos poucos, se distanciou do núcleo central da campanha de Bolsonaro. Tanta insatisfação foi repassada sem rodeios ao senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, a quem cabe conduzir as negociações da campanha.
Ainda assim, o time presidencial reivindicou o apoio do partido ao candidato de Bolsonaro no maior colégio eleitoral do País. Isso significaria romper com o atual vice-governador Rodrigo Garcia, nome de João Doria para a vaga.
O ministro e pré-candidato Tarcísio de Freitas abriu os trabalhos em uma conversa com o próprio Marcos Pereira. Falou em ceder a vice ou a vaga para o Senado. O próprio Bolsonaro entrou em campo e telefonou ao apresentador José Luiz Datena, convidado a se filiar à legenda para concorrer ao Senado, para pedir que feche com o afilhado do presidente.
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Tarcísio também aproveitou que esteve em Rio Preto, no interior paulista, para fazer uma visita com toda a pompa à sede da legenda. E até sua esposa, Cristiane de Freitas, entrou no jogo e participou de um chá da tarde com mulheres, para pedir apoio ao marido.
Mas o Republicanos deixa um recado claro. O partido tem o que colocar na mesa. A começar pela forte penetração no eleitorado evangélico. Se for para permanecer no time do presidente, espera ser bem melhor tratado do que foi até agora.