Datafolha é azeda para Bolsonaro, mas ameniza temor de estrago maior
Mesmo com noticiário amplamente negativo para o governo, levantamento mostrou estabilidade na corrida presidencial
Os números da pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira estão longe de trazer boas notícias para o presidente Jair Bolsonaro. O levantamento confirma uma vantagem ampla do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deixa aberta a possibilidade de vitória do petista ainda no primeiro turno. Mas, considerando o contexto em que o instituto foi a campo, os números aliviam o temor de um estrago maior na campanha do presidente.
As entrevistas foram feitas num período para lá de delicado para o Planalto. Ainda se fala sobre as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips na Amazônia, houve um novo aumento do preço dos combustíveis e o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi parar na cadeia. Ainda assim, o cenário traçado pela pesquisa é de estabilidade. Numericamente, a distância entre Lula e o presidente até diminuiu: dois pontos, dentro da margem de erro.
Na nova pesquisa, Lula tem 19 pontos de frente sobre o presidente. O petista aparece com 47% das intenções de voto, contra 28% de Bolsonaro. Na pesquisa anterior, a diferença entre os dois era de 21 pontos, já que o petista tinha 48% e o presidente contava 27%.
De qualquer forma, é um cenário muito diferente do que imaginavam lá atrás os aliados mais próximos do presidente, que falavam numa retomada consistente que levaria Bolsonaro a ganhar de Lula no primeiro turno. Mesmo que o quadro seja de estabilidade, o governo dá sinais do tamanho da preocupação.
O Planalto voltou a falar, por exemplo, em aumentar o Auxílio Brasil para R$ 600. É preciso uma boa dose de malabarismo para fechar essa conta. Afinal, o mesmo Paulo Guedes que agora coloca sua equipe para fazer contas para ampliar o benefício dizia lá atrás que era impossível chegar ao valor do Auxílio Emergencial concedido durante a pandemia.
A proposta vem acompanhada de um possível abandono de outra promessa feita há pouco tempo pelo governo: conceder uma compensação aos estados que aceitassem zerar a alíquota de ICMS sobre os combustíveis até o fim do ano. Sim, o cobertor é curto. Mas, seja qual for a estratégia vencedora, nada parece ser pensado para o longo prazo.
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