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Fiéis emocionados dão adeus a Shenouda III no Egito

Por Por Christophe DE ROQUEFEUIL
18 mar 2012, 17h29

Dezenas de milhares de fiéis foram neste domingo à Catedral de São Marcos, no Cairo, com grande emoção, para se despedir de Shenouda III, chefe da Igreja copta ortodoxa que faleceu após quatro décadas na liderança da maior comunidade cristã do Oriente Médio.

Morto no sábado, aos 88 anos, vítima deum ataque cardíaco, após vários problemas de saúde, Shenouda III deixa os fiéis preocupados com a violência de que são alvo, em meio ao crescimento do islamismo, mais de um ano após a queda do presidente Hosni Mubarak.

O corpo do patriarca, vestido com roupas sacerdotais ricamente adornadas e uma tiara na cabeça, foi colocado sentado num trono de madeira esculpido na Catedral do Cairo, sede da Igreja Copta, onde o funeral deve acontecer nesta terça-feira.

Do lado de fora, milhares de pessoas com roupas pretas, de luto, faziam uma fila de mais de um quilômetro. A televisão estatal informou que o corpo ficará exposto até terça-feira, para tentar evitar uma aglomeração ainda maior.

Na catedral, muitos choravam. Alguns tiravam uma última foto de seu líder espiritual, e um bispo manteve-se durante longo tempo ajoelhado, com a cabeça apoiada no trono.

“É uma grande perda para a Igreja do Egito”, declarou à AFP o ministro do Turismo, Munir Fakhry Abdel Nour, um cristão da Igreja Copta ligado a Shenouda. “Ele era sábio e sabia ouvir. Vai nos fazer muito falta num tempo no qual temos necessidade de sabedoria e de espírito patriótico”.

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“Era como um pai. Tinha o espírito amplo. Não haverá ninguém parecido no futuro”, afirmou por sua vez Isaac Zakaria, um fiel de 18 anos que veio à catedral.

“O Egito chora”, foi a manchete do jornal independente Al-Masry al-Youm, enquanto numerosas personalidades prestavam homenagens ao patriarca, cuja silhueta frágil era tão familiar aos cristãos quanto aos muçulmanos.

“O Egito perdeu um de seus grandes homens”, lamentou Al-Azhar, a mais alta instituição do Islã sunita. Esta morte representa “uma grave calamidade que aflige todo o Egito”, considerou o mufti Ali Gomaa, enquanto que o Partido da Liberdade e da Justiça, saído da Irmandade Muçulmana, saudava o “grande papel” de Shenouda III no país.

Segundo seu desejo, o patriarca será enterrado no mosteiro de ‘Saint Bichoï’, em Wadi Natroune (noroeste). De acordo com a imprensa local, bispos coptas do Egito e do restante do mundo estão sendo esperados no Cairo para a cerimônia fúnebre e os preparativos para a escolha do novo chefe desta Igreja ortodoxa.

O processo, sem limite de tempo, levou sete meses até a nomeação de Shenouda III em 1971. O bispo Pachomius, da província de Beheira (delta do Nilo), deve substituí-lo, por pelo menos dois meses.

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A morte do patriarca acontece num contexto de “profundas mudanças políticas e sociais no Egito”, disse o cineasta copta Daud Abdel Sayed.

Muito conservador em relação a questões de dogma – opunha-se com veemência a qualquer flexibilização da proibição do divórcio -, Shenouda III era também considerado um ardente defensor de sua comunidade, que representa 6 a 10% da população egípcia.

Partidário do presidente Mubarak, mas conciliador com o poder militar, era, para inúmeros egípcios, um elemento de estabilidade num país, com futuro político ainda incerto.

A vitória maciça dos partidos islamitas nas legislativas recentes reavivou os temores da comunidade copta, marginalizada e alvo de muita violência.

No Vaticano, o Papa Bento XVI prestou homenagem a um “grande pastor”, e o presidente americano Barack Obama saudou a memória de um “advogado da tolerância e do diálogo religioso”.

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Israel evocou “um dirigente espiritual importante” que trouxe sua “contribuição à fraternidade e à coexistência no Egito. “O chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, lembrou “um personagem que tomou para si a responsabilidade do Egito e de todos os árabes”. O vice-ministre iraniano das Relações Exteriores, Hossein Ami Abdollahian, destacou sua ação “em favor da justiça e da paz”.

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