CSI à brasileira: tecnologia biométrica identificou corpo na Bahia
Empresa brasileira colaborou em investigação na Bahia. Software inventado no país é referência mundial no ramo
Em novembro, um corpo foi encontrado em avançado estado de decomposição no município de Morro do Chapéu, na Bahia. O cadáver já se encontrava no estágio esqueletizado, no qual o processo de identificação poderia gerar dúvidas. O perito responsável pela investigação, Wênniton Menezes de Souza, precisou fazer uma dissecação da pele que recobre os dedos do indivíduo. Em seguida, executou a reidratação da mesma pele, de modo a permitir que as “papilas dérmicas” pudessem se regenerar. A tecnologia que possibilitou a identificação foi desenvolvida por uma empresa brasileira, a Griaule, e também é usada pelo FBI, a polícia federal norte-americana, pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e por órgãos nacionais, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), delegacias técnicas de estados, hospitais e bancos.
No novo caso baiano, que agora é usado pela empresa como um de exemplo eficaz, depois que o perito reidratou a pele, o profissional passou tinta na digital recuperada para obter uma impressão em papel, que foi escaneada e analisada pelo software da Griaule. O método é chamado de exame necropapiloscópico. De acordo com o diretor de negócios da Griaule, João Weber, “a tecnologia é utilizada para a resolução de diversos casos onde há a necessidade de identificação biométrica no decorrer de uma investigação. Seja para identificar um corpo, identificar um suspeito através do vestígio de uma impressão encontrada em uma cena de crime, ou até mesmo em casos de segurança nacional”.
De acordo com a Griaule, o programa analisa a imagem da impressão digital em busca de pontos característicos que a distinguem e a tornam única, propiciando assim a identificação quando confrontada com milhões de impressões digitais depositadas numa base no banco de dados de determinada região e estado. Nesse caso, foram usadas as informações do Instituto de Identificação Pedro de Mello (IIPM), da Bahia.
Para Weber, a tecnologia potencializará o trabalho de investigação. “Na maioria dos casos, tudo o que se tem são pequenos fragmentos, muito deteriorados. Quanto menor e mais danificado está o vestígio coletado, mais difícil fica a identificação, tornando ainda mais importante a presença de ferramentas computacionais para auxiliar o trabalho do perito”, afirmou. No caso do interior da Bahia, o corpo era o de um homem que estava desaparecido há 40 dias.