Após cinco décadas desde que o homem pisou na Lua pela última vez, as agências espaciais voltaram a se interessar pelo astro. Estados Unidos e China são os protagonistas dessa nova fase da corrida espacial, mas as colaborações com outros países e com companhias privadas são essenciais para que os ambiciosos planos de uma exploração permanente sejam possíveis. O Japão é um dos principais parceiros dos americanos nesse estudo e terá importantes atribuições nessa jornada.
O país desenvolve pesquisa espacial desde a década de 1950, mas a presença mais marcante nesse cenário até agora começou em 1982, quando o governo decidiu que a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (Jaxa) teria uma participação ativa na Estação Espacial Internacional – o que estreitou consideravelmente os laços com a Nasa.
Como resultado dessa aproximação, o país foi um dos primeiros a assinar, em 2019, o acordo Artemis, programa lançado pela Nasa para buscar cooperação internacional e estabelecer uma presença harmoniosa dos diferentes países no satélite. O Japão, contudo, tinha uma ambição ainda maior – garantir que um dos seus astronautas pudesse pisar em solo lunar ainda nesta década, uma promessa que Washington disse que vai cumprir.
Em resposta a VEJA, o Gabinete de Integração e Gestão da Jaxa disse que o “Japão contribuirá com o programa Artemis com o conhecimento que foi fortalecido através da participação na ISS”. E as responsabilidades da agência não serão pequenas. Ela fornecerá o sistema de controle ambiental e suporte à vida do módulo de habitação da Gateway, uma espécie de estação espacial que orbitará a Lua e dará apoio às missões na superfície.
Além disso, o Japão ainda é responsável pela construção de um rover pressurizado que conduzirá os astronautas no satélite – esse é o primeiro veículo desse tipo no mundo e ele poderá manter os astronautas bem por até 30 dias sem a necessidade de uso de trajes espaciais. “Convencionalmente, concentrou-se na exploração principalmente na área limitada ao redor do local de pouso, mas este rover permitirá explorar mais a superfície por ter a capacidade de viajar por uma área ampla”, diz a agência japonesa.
A Agência também comentou sobre a importância das empresas privadas nessa empreitada. De acordo com o porta-voz, a parceria com elas será, não apenas possível, mas essencial para o sucesso da exploração. A Jaxa, de fato, é uma das principais apoiadoras destes convênios. Em abril, um rover japonês foi enviado na missão comercial Hakuto-R, cujo pouso não foi bem-sucedido, mas colocou a ispace em um patamar que nenhuma outra empresa não-governamental chegara até o momento.
Ele argumenta que esse tipo de missão será importante para a democratização do espaço. “Esses se tornarão serviços que poderão ser adquiridos por qualquer pessoa, incluindo universidades e outras instituições de pesquisa, que poderão aprender mais sobre a Lua por meio de várias missões científicas”, afirma a nota da Jaxa. A medida que essas missões se tornam mais frequentes, contudo, conflitos em terreno extraterrestre são esperados. “Discussões sobre regras e operações para prevenir tais situações estão atualmente em andamento nas Nações Unidas e outros fóruns internacionais.”
Apesar dos possíveis desentendimentos, esse maior acesso tornará possível o sonho de fazer turismo na Lua. Quanto mais frequentes ficam as idas ao astro e quanto mais empresas surgem para intermediar essa viagem, mais barato se tornará o trajeto. “É concebível que o espaço se torne mais acessível aos civis”, diz o comunicado enviado pela agência japonesa.