Por que o Sul virou um dos focos mais preocupantes da pandemia no país?
Enquanto a região Norte tem tendência de queda, o número de infectados no Sul do país aumentou 313,2% e o de óbitos por Covid-19 283,3%, no último mês

Desde o final de maio, a região Sul, que até então era referência no controle da epidemia de coronavírus, apresenta aumento exponencial no número de casos e óbitos por Covid-19. Após queda da velocidade de contágio e das mortes no Norte e Sudeste, o Sul já pode ser considerado o novo epicentro da doença no país.
O número de infectados no Sul do país aumentou 313,2% nesta terça-feira, 14, em relação ao dia 14 de junho. Se compararmos ao dia 14 de maio, o aumento é ainda mais expressivo: 1046%. Já o número de óbitos por Covid-19 na região cresceu 283,3% no último mês e 1027,9% em comparação com dois meses atrás.
A taxa foi calculada por VEJA com base na média móvel, que compara a evolução da epidemia em blocos de sete dias, o que permite uma melhor avaliação ao anular variações diárias no registro e envio de dados pelos órgãos públicos de saúde, problema que ocorre principalmente aos finais de semana.
Em coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira, 8, o diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Marques Macário disse estar preocupado com o avanço do vírus na região. “Nossa grande preocupação é com os estados do Sul — já são três, quatro semanas de aumento significativo no número de casos e de óbitos — e do Centro-Oeste. São regiões que até quatro semanas atrás quase não apareciam nas estatísticas. Fica o alerta, tanto para a população como para os gestores, para reforçar as medidas de atenção à saúde”.
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Não há uma única explicação para este fato. Trata-se da combinação de fatores que incluem: sazonalidade do vírus, comportamento da população e adoção de medidas da distanciamento ou flexibilização.
Vírus respiratórios, como o influenza, causador da gripe, e o coronavírus vetor da Covid-19 circulam na região Sul entre junho e agosto, meses de outono e inverno. Nesse período, as pessoas tendem a ficar aglomeradas em ambientes fechados, o que aumenta a probabilidade de transmissão do vírus. Além disso, o ar frio e seco irrita as vias aéreas e torna as pessoas mais suscetíveis à infecções. Portanto, o agravamento da epidemia nessa região já era esperado para esses meses.
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Além disso, assim que o vírus “desembarcou” no Brasil no final de fevereiro, os estados mais afetados começaram a adotar medidas de distanciamento social e de restrição do fluxo de pessoas entre regiões. Especialistas acreditam que isso pode ter contribuído para que o vírus demorasse mais para se espalhar pelo país.
A adoção precoce da quarentena, seguida de uma grande abertura nas cidades da região Sul, devido ao baixo número de casos, é outro fator considerado importante para a região ter se tornado uma das mais afetadas pela epidemia neste momento.
“Nessa região, as medidas de distanciamento foram instituídas precocemente. Mas devido ao baixo número de casos e óbitos, a flexibilização logo aconteceu e a economia foi retomada, sem muitas regras de distanciamento. O aumento do contato entre as pessoas contribuiu para sua disseminação, principalmente em um período que há maior risco de contágio.”, explica o infectologista e epidemiologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz.
Estados
Santa Catarina foi o Estado da Região Sul com o maior crescimento no número de mortes, cerca de 322% no último mês. Entre 7 e 14 de julho, a média móvel de mortes no estado foi de 38,4, contra apenas 9,1 entre 7 e 14 de junho. Logo depois vêm Rio Grande do Sul e Paraná. Santa Catarina também é o estado com o maior aumento no número de infectados: 496,6%. No entanto, neste caso a segunda posição fica com o Paraná, onde os casos cresceram 311,5% no último mês e Rio Grande do Sul, que teve um aumento 184,7% no mesmo período.
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