O pronunciamento nacional sobre o novo coronavírus na noite de terça, 24, feito pelo presidente Jair Bolsonaro repercutiu negativamente na Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). A entidade publicou uma nota criticando a fala de Bolsonaro e defendendo o distanciamento social como uma medida efetiva para a contenção de novos casos de Covid-19 — a doença causada pelo vírus que já matou 46 pessoas no Brasil, de acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde.
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Clique e AssineNa mesma fala, o presidente criticou a imprensa, repreendeu governadores e falou novamente em “histeria” e resfriadinho. “O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará”, decretou, no anúncio de pouco mais de 4 minutos.
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A nota da SBI afirma que a fala trouxe “preocupação” ao ser “ao ser contra o fechamento de escolas e ao se referir a essa nova doença infecciosa como ‘um resfriadinho’. O documento diz que tal posicionamento podem dar a “falsa impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que a Covid-19 é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade”.
A carta ainda lembra que o Brasil está em uma curva crescente de casos, com transmissão comunitária e número “dobrando a cada três dias”. “Concordamos que devemos ter enorme preocupação com o impacto socioeconômico desta pandemia e a preocupação com os empregos e sustento das famílias. Entretanto, do ponto de vista científico-epidemiológico, o distanciamento social é fundamental para conter a disseminação do novo coronavírus, quando ele atinge a fase de transmissão comunitária“.
Há um trecho do documento em que o trabalho do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, é elogiado. A publicação também reconhece que é necessário “ter enorme preocupação com o impacto socioeconômico desta pandemia e a preocupação com os empregos e sustento das famílias”. No entanto, o foco do comunicado é defender a restrição social, com fechamento do comércio e da indústria não essencial, além da proibição de aglomerações humanas. “A epidemia é dinâmica, assim como devem ser as medidas para minimizar sua disseminação. ‘Ficar em casa’ é a resposta mais adequada para a maioria das cidades brasileiras neste momento, principalmente as mais populosas”, conclui o texto que é assinado pelo presidente da SBI, Clóvis Arns Da Cunha.