A cirurgia bariátrica, conjunto de procedimentos de redução de peso, pode ajudar pessoas moderadamente obesas com diabetes tipo 2, informa estudo publicado nesta terça-feira no periódico da Associação Médica de Estados Unidos (JAMA). Os pesquisadores aleram ser necessário ter mais provas antes de promover sua generalização.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Bariatric Surgery for Weight Loss and Glycemic Control in Nonmorbidly Obese Adults With Diabetes A Systematic Review
Onde foi divulgada: periódico JAMA
Quem fez: Melinda Maggard-Gibbons, Margaret Maglione, Masha Livhits, Brett Ewing, Alicia Ruelaz Maher, Jianhui Hu, Zhaoping Li, Paul G. Shekelle
Instituição: Universidade da Califórnia em Los Angeles, EUA, e outras instituições
Dados de amostragem: revisão de estudos publicados de janeiro de 1985 a setembro de 2012
Resultado: Os diabéticos com obesidade moderada perderam mais peso e tiveram um controle melhor da glicose em dois anos depois da cirurgia bariátrica do que com tratamentos não cirúrgicos, como dietas e medicamentos. As evidências são, no entanto, insuficientes para concluir sobre o uso da cirurgia até que mais dados sobre os resultados a longo prazo e suas complicações estejam disponíveis.
“A cirurgia bariátrica para diabéticos que não são muito obesos tem mostrado resultados promissores no controle da glicose”, disse Melinda Maggard-Gibbons, principal autora do estudo e cirurgiã da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
O estudo se baseia em uma revisão da evidência que apoia o uso da cirurgia bariátrica para tratar diabéticos com um Índice de Massa Corporal (IMC – calcule aqui o seu) entre 30 a 35 – considerado o mais baixo do espectro de obesidade. Atualmente, recomenda-se a cirurgia apenas para pacientes com IMC acima de 40, ou de 35 a 40 que apresentem doenças como a diabetes.
Os pesquisadores descobriram que os diabéticos com obesidade moderada perderam mais peso e tiveram um controle melhor da glicose em um período de dois anos depois deste tipo de cirurgia do que com tratamentos não cirúrgicos, como dietas e medicamentos.
Os pacientes com um bypass gástrico (técnica de derivação gástrica), um dos procedimentos de cirurgia barátrica mais utilizados, conseguiram melhores resultados – mais perda de peso a curto prazo e melhor controle dos níveis de açúcar no sangue – do que os que se submeteram a uma banda gástrica, cirurgia bariátrica de tipo restritivo.
Cautela – Apesar dos bons resultados, é preciso ter cautela. “Sem dúvida, precisamos de mais informações sobre os benefícios e riscos a longo prazo antes de recomendar a cirurgia bariátrica, em vez de um tratamento não-cirúrgico de perda de peso, para estas pessoas.”
O cuidado se justifica, uma vez que os pesquisadores informaram que os resultados surgem de um número relativamente pequeno de pesquisas e que mais estudos são necessários, especialmente sobre como os pacientes reagem depois de dois ou mais anos, e eventuais complicações e efeitos secundários.
O Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que regula alimentos e remédios, que exerce função similar a que a Anvisa tem no Brasil, aprovou a banda gástrica para pessoas com um IMC entre 30 e 35 e que tenham doenças relacionadas à obesidade.
Mais de um terço dos adultos norte-americanos (35,7%) são obesos (IMC maior ou igual a 30), segundo as estatísticas oficiais. No Brasil, segundo dados divulgados ano passado pelo Ministério da Saúde, o número de brasileiros acima do peso passou de 42,7%, em 2006, para 48,5%, em 2011. No mesmo período, a proporção de obesos aumentou de 11,4% para 15,8%.
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(Com Agência France-Presse)