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Voto evangélico, Lula e uso da máquina: o que ajudou João Campos a vencer

Vitória do candidato do PSB com vantagem de cerca de 100.000 votos frustrou as expectativas do PT, que acreditava no triunfo de Marília Arraes

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 nov 2020, 08h25 - Publicado em 29 nov 2020, 21h41

Na manhã deste domingo, dia 29, caciques do PT demonstravam confiança com uma possível vitória de Marília Arraes (PT) em Recife. Pesquisas internas da legenda apontavam que ela estava quatro pontos porcentuais na frente, e a militância estava toda mobilizada na cidade. As urnas, no entanto, frustaram as expectativas dos petistas – João Campos (PSB) venceu com uma vantagem de 13 pontos porcentuais, cerca de 100.000 votos a mais.

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Petistas e socialistas concordaram que pesou contra Marília a campanha pesada feita por grupos evangélicos a favor de Campos. Na reta final, quando ela chegou a aparecer à frente nas pesquisas de intenção de voto, panfletos apócrifos começaram a circular nas igrejas dizendo que “quem é cristão não vota em Marília”. Entre uma parcela significativa dos recifenses, ficou a mensagem de que ela implantaria a “ideologia de gênero” nas escolas. Isso assustou os eleitores mais conservadores, que deram em torno de 40% de votos aos candidatos de direita no primeiro turno – Mendonça Filho (DEM), delegada Patrícia Domingos (Podemos) e Carlos Lima (PSL). A candidata ainda tentou reverter o levante religioso, reunindo-se com pastores, indo à missa e frisando que era “cristã”, mas o estrago já estava feito.

Diferente do primeiro turno, Marília também apostou numa associação maior com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas duas últimas semanas – ele passou a aparecer na propaganda da TV e em suas falas no debate. Lula ainda tem bastante popularidade em Pernambuco, mas também espantou o eleitorado de direita, além de ter esvaziado o discurso de Marília contra os esquemas de corrupção da gestão atual do PSB em Recife. A prefeitura é investigada pela compra superfaturada de respiradores em meio à pandemia de Covid-19.

João Campos, por outro lado, soube se desvencilhar do padrinho incômodo – o prefeito Geraldo Júlio, cujos índices de reprovação eram altos – e evocar o legado do pai, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014. Em seus discursos, ele sempre bateu na tecla de que o pai é a sua “maior referência na política” e que continuaria as suas conquistas.

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Geraldo Júlio só reapareceu neste domingo, dia 29, como “guerreiro” e “bom gestor” no discurso da vitória de Campos em um hotel na Zona Sul de São Paulo – ele é cotado como possível candidato ao governo de Pernambuco, em 2022. Campos também fez um agradecimento especial à sua mãe, Renata Campos, que é apontada como uma das maiores articuladoras da sua candidatura. Avessa a holofotes, ela se manteve afastada do filho na hora de posar para as fotos da vitória, mas demonstrava estar emocionada com o resultado eleitoral. Com 27 anos, Campos é o prefeito eleito de uma capital mais jovem da história do país.

Os petistas também atribuem a virada de votos pró-Campos ao uso da máquina da prefeitura em favor do candidato, seja por meio da convocação e do adiantamento de salário de servidores comissionados para fazer panfletaços na rua a bocas de urna na frente das escolas. Na última sexta-feira, dia 29, a Justiça eleitoral proibiu que o prefeito e seus secretários fizessem atos de campanha por João Campos sob uma multa de 100.000 reais.

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